Dois bombeiros militares morreram soterrados durante tentativa de resgate de um bebê na madrugada desta última terça-feira (3)
no Morro do Macaco Molhado, no Guarujá, na Baixada Santista. Os bombeiros mortos em serviço são os cabos Marciel de Souza Batalha, de 46 anos, e Rogério de Moraes Santos, de 43. Os dois atuavam no 6º Grupamento Marítimo.
Segundo a Defesa Civil, os dois militares ficaram soterrados nos escombros durante a operação de salvamento. O cabo Moraes chegou a ser resgatado, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo do cabo Marciel de Souza Batalha ainda não foi encontrado. Segundo a comunicação do Corpo de Bombeiros, eles estavam na corporação há 12 anos.
Com 19 óbitos confirmados, a Defesa Civil de São Paulo e o Corpo de Bombeiros do estado divulgaram na manhã desta quarta-feira (4) os números atualizados da chuva que atingiu a Baixada Santista. Até o momento, 29 pessoas continuam desaparecidas nos municípios de São Vicente, Santos e Guarujá.
No balanço, a Defesa Civil também divulgou a quantidade de chuva registrada entre a tarde da segunda-feira (2) a madrugada da terça-feira (3). Em doze horas, o Guarujá registrou 282 mm; Santos registrou 218 mm; Praia Grande 170 mm; São Vicente 169 mm, Mongaguá 160 mm, Cubatão 132 mm e Itanhaém e Bertioga 110 mm.
Desaparecidos no Guarujá
Entre os desaparecidos no morro do Macaco Molhado está Rafael Rodrigues, de 35 anos, liderança de projetos de capoeira e dança folclórica, que hoje atende cerca de 120 crianças e adolescentes O projeto existe há mais de 20 anos. Segundo amigos, ele mora em um bairro próximo e, ao saber que o deslizamento havia vitimado crianças, resolveu ajudar ainda na madrugada.
“A gente estava se comunicando, eu e o meu irmão. Ficou complicado porque não tinha mais eletricidade”, conta o contramestre do Afroketu, projeto de Rafael, Yago Gonçalves, de 27 anos. “A gente se conhece desde pequeno, treina capoeira desde novo.”
Yago está ajudando na retirada dos escombros e da lama junto com outros integrantes do Afroketu. “Desci pela lama, achei um dos bombeiros (o corpo). Mas o meu irmão, eu tenho fé que vai ficar bem.”
“Tinha muitos alunos nossos que moram por aqui”, explica. “A comunidade é bem unidade nessa parte (de ajudar).”
“A esperança é a última que morre importante, tenho fé sempre. Ele é um cara resistente.”
O ajudante de pedreiro desempregado Felipe Oliveira, de 22 anos, morava em um barraco atingido, junto da esposa, grávida, e da filha de 4 anos. Após perder a moradia, para qual se mudou havia três meses, ele deixou a família com a irmã e voltou ao local dos deslizamentos. “Consegui pegar só umas roupinhas. Desmoronou, caiu tudo em cima de mim. Minha filha ficou presa debaixo da madeira. Um amigo veio e ajudou. Senão, a gente não iria conseguir sair. Depois fomos à luta ajudar todo mundo.”
Bombeiros morrem soterrados durante resgate