O frágil cessar-fogo entre Israel e Gaza enfrenta obstáculos de ambos os lados, com desafios que ameaçam minar qualquer chance de estabilidade na região.
O acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, mediado após meses de violência intensa, está em uma situação precária. A trégua negociada, que inclui a libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos, enfrenta resistências internas e externas que podem levar a um colapso, segundo analistas. Tanto o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu quanto a liderança do Hamas possuem motivações para romper o acordo, aumentando o risco de um novo ciclo de violência.
Netanyahu Sob Pressão
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aceitou o acordo de cessar-fogo após intensa pressão do ex-presidente Donald Trump e de seu enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff. Contudo, fontes revelam que Netanyahu teria tranquilizado sua base de extrema direita afirmando que o cessar-fogo seria temporário.
Netanyahu enfrenta uma escolha difícil nas próximas semanas:
- Apostar na paz: Isso poderia abrir caminho para a normalização das relações de Israel com a Arábia Saudita e fortalecer o apoio dos EUA.
- Romper o cessar-fogo: Essa opção agradaria sua base conservadora e poderia preservar sua coalizão no governo, mas levaria ao retorno da guerra e ao isolamento político.
Hamas e a Resistência em Gaza
Por outro lado, o Hamas também tem razões para romper o acordo. A liderança do grupo tenta reafirmar sua autoridade em Gaza, enquanto envia mensagens provocativas através de demonstrações de força, como a recente entrega de reféns com combatentes armados. Declarações públicas do Hamas indicam que eles não consideram o cessar-fogo uma solução permanente.
Obstáculos à Paz
Especialistas apontam várias ameaças à continuidade do cessar-fogo, incluindo:
- Violência na Cisjordânia: Atos de extremistas israelenses contra vilarejos palestinos criam tensões que podem ser usadas como justificativa para rompimentos.
- Conflitos em Gaza e no Líbano: Pequenos incidentes podem rapidamente escalar e comprometer a trégua.
- Dificuldades na Fase Dois do Acordo: Prevista para incluir a retirada militar israelense e a libertação de mais prisioneiros, essa etapa enfrenta resistência política em ambos os lados.
O Futuro da Paz
Cerca de 60% a 70% dos israelenses apoiam o fim da guerra, o que pode influenciar Netanyahu a buscar um caminho mais conciliador. Porém, o risco de sabotagem por extremistas é elevado.
A manutenção do cessar-fogo depende de esforços diplomáticos contínuos e de ações para conter provocadores internos.
Uma paz duradoura beneficiaria não apenas Israel e Gaza, mas também abriria portas para avanços diplomáticos importantes, como a normalização com a Arábia Saudita e o enfraquecimento da influência iraniana na região. Entretanto, com tantas forças contrárias, a sobrevivência do acordo é incerta.