O índice retoma sua trajetória positiva, desafiando as tendências globais
São Paulo, Brasil – Em um movimento surpreendente, o Ibovespa conseguiu desafiar as pressões negativas vindas do exterior e registrou um ganho substancial de 1,73% ao atingir 114.776,86 pontos no fechamento do mercado nesta quinta-feira. Este aumento representou o maior ganho percentual para o índice desde 1º de setembro, quando havia subido 1,86%.
O índice de referência do mercado de ações brasileiro esteve sob a influência da dinâmica negativa da Petrobras (ON -0,74%, PN -1,03%), que acompanhou a queda de 2% nos preços do petróleo Brent e WTI durante a sessão. No entanto, o Ibovespa conseguiu se desvincular das preocupações externas que ainda influenciaram os negócios em Nova York nesta quinta-feira.
Os principais destaques no mercado de ações brasileiro incluíram o setor metálico, com Vale (+2,14%), Gerdau (+1,58%), e CSN (+2,26%) fechando em alta. Além disso, os grandes bancos tiveram um desempenho sólido, com Itaú (+2,48%), Santander (+2,85%), e Bradesco (+2,55%) na categoria PN, e +2,34% na categoria ON.
Na liderança do Ibovespa, as maiores altas foram registradas por Gol (+8,29%), Carrefour Brasil (+6,96%), e IRB (+6,09%), enquanto BRF (-2,25%) e as ações da Petrobras foram as principais perdedoras.
Segundo Alex Carvalho, analista da CM Capital, “No cenário doméstico, o IPCA-15 referente a outubro, divulgado pela manhã, veio marginalmente acima do esperado, mas dentro de uma margem considerada ‘ok’ para o período. As ações reagiram positivamente já na abertura da B3. Os papéis ligados ao petróleo sofreram um pouco mais hoje, acompanhando a correção dos preços da commodity, depois de um aumento expressivo em decorrência da guerra no Oriente Médio.”
No entanto, o mercado internacional não demonstrou o mesmo otimismo. Nos Estados Unidos, o PIB do terceiro trimestre, que aumentou 4,9%, superou as expectativas, mas também levantou preocupações quanto aos próximos passos do Federal Reserve em relação à política monetária. Os índices americanos Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam em queda, com o Nasdaq, que reúne ações de crescimento, sendo o mais afetado, com uma retração de 1,76% no fechamento do dia.
Adam Hetts, head global de multiativos na Janus Henderson Investors, observou que o “festa do terceiro trimestre” nos EUA pode estar prestes a enfrentar desafios significativos no próximo trimestre, com fatores como um consumidor mais fraco, inflação persistente, dólar forte e o impacto defasado dos aumentos das taxas de juros.
Embora o cenário global tenha permanecido incerto, o Ibovespa mostrou resiliência e conseguiu manter uma tendência positiva. Os investidores estão de olho na próxima reunião do Federal Reserve sobre a taxa de juros de referência e na divulgação do PCE, indicador preferido do Fed sobre a inflação ao consumidor.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, ressaltou que o IPCA-15 registrou uma alta de 0,21% em outubro, acumulando 5,05% nos últimos 12 meses. Embora o índice de difusão tenha subido para 47,1%, Sung acredita que esse avanço não é motivo de grande preocupação, uma vez que está abaixo dos níveis observados nos últimos anos.
Apesar das incertezas globais, o desempenho sólido do Ibovespa sugere que o mercado brasileiro de ações está reagindo positivamente às notícias econômicas internas e mantendo uma postura
resiliente em relação aos desafios do cenário internacional.
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