Marcos Pascoal também comentou argumentos usados pelo segurança para não permitir a entrada dele no estabelecimento.
O estudante de psicologia Marcos Pascoal, que foi barrado no domingo (20) ao tentar entrar em um supermercado no bairro de Itapuã, em Salvador, por causa do tamanho do short que vestia, registrou o caso na delegacia.
O G1 voltou a conversar com Marcos nesta quarta-feira (23). Ele contou que o boletim de ocorrência foi registrado na segunda (21), na Delegacia Virtual da Bahia. Para Marcos, a importância de representar a queixa é uma forma de cobrar da sociedade a garantia de direitos.
“Nós, LGBTQI+, também estamos consciente dos nossos direitos. É [uma forma de] dizer que não somos uma população que aparece apenas em programas de entretenimento, revistas de moda ou parada LGBT. Nós estamos nas ruas, nos escritórios, nas grandes empresas e nos mercados, fazendo compras como quaisquer outras pessoas”, avaliou ele.
“O mínimo possível que um cidadão ou uma cidadã deve receber é respeito, independente da sua orientação sexual”, afirmou Marcos Pascoal.
O caso, que foi filmado e divulgado nas redes sociais, aconteceu no supermercado Big Bompreço, do grupo Walmart. Um dos seguranças que barrou a entrada de Marcos afirmou que “homem não poderia usar short curto”.
Ainda na gravação, o segurança tenta usar como argumento para barrar o estudante o fato de que crianças que estão no mercado. No vídeo, ele chega a dizer: “Tem crianças lá dentro, olha um bebê aí”. Marcos disse que essa foi uma das falas mais pesadas direcionadas a ele e à sua sexualidade.
“Por qual motivo não posso ser visto por uma criança? Quando ele diz que eu não posso entrar, é porque há um julgamento de que sou inapropriado para ser visto por elas. Eu sou um mau exemplo? Algo maligno que vai corromper a ‘pureza’ delas? Por que elas podem ver mulheres com shorts mais curtos lá dentro, mas não podem ver um homem com short curto?”, questionou ele.
“A criança não nasce com preconceitos, isso é reflexo dos cuidadores que projetam nelas noções ultrajes como essas, ao ensinar o que é certo e o que é errado! Então usar a justificativa de que há crianças ali e que por isso não posso entrar é me rebaixar para algo indigno, que não pode ser visto”, afirmou Marcos Pascoal.
No dia do fato, o Grupo BIG, que é responsável pela administração do supermercado, informou que a situação é “inadmissível e não corresponde aos procedimentos e valores da empresa”. A empresa disse que afastou o segurança envolvido e que estava dando assistência necessária a Marcos.
No entanto, o estudante conta que a empresa chegou a entrar em contato com ele, mas não manifestou qualquer tipo de apoio.
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