O dólar reverteu perdas iniciais e passou a subir acentuadamente nesta segunda-feira
chegando a superar os 5,19 reais em meio a novos temores sobre a política monetária do Federal Reserve, com os mercados também de olho nas tensões crescentes no Oriente Médio.
Às 11h40 (de Brasília), o dólar à vista subia 1,03%, a 5,1741 reais na venda, depois de mais cedo ter chegado a ganhar 1,38%, a 5,1920 reais, o patamar intradiário mais alto desde 6 de outubro do ano passado.
Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,13%, a 5,1855 reais na venda.
A divisa norte-americana reverteu as perdas iniciais — que operadores haviam associado a movimento de realização de lucros após salto na semana passada — depois que dados mostraram alta bem mais intensa do que o esperado nas vendas no varejo dos Estados Unidos em março, mais uma evidência de que a economia encerrou o primeiro trimestre em terreno sólido.
As vendas no varejo norte-americano aumentaram 0,7% no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam avanço de 0,3%.
“Tempestade perfeita hoje; o mercado está abandonando a ideia de um corte de juros nos EUA no curto prazo, e essa preocupação com a trajetória penaliza todos os emergentes”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Quanto menos o Fed cortar os juros, melhor para o dólar, que se torna mais atraente para investidores estrangeiros quando os rendimentos oferecidos pelo mercado norte-americano — já interessante por ser extremamente seguro — seguem mais altos.
Os rendimentos dos Treasuries de dez anos, referência global para investimentos, saltaram nesta manhã para picos desde novembro do ano passado após os dados norte-americanos.
“Os mercados emergentes estão sendo atingidos de forma geral, incluindo o Brasil. Vale lembrar que 90% do que acontece com o real brasileiro não tem nada a ver com o Brasil. Estamos em outro susto de inflação nos EUA, que está elevando os rendimentos dos EUA”, escreveu Robin Brooks, fellow sênior da Brookings Institution.
Segundo ele, que costuma destacar a balança comercial forte do Brasil e por isso defende que o real está em patamares bem aquém de seu valor justo, o Brasil segue sendo opção de investimento “incrível” apesar dos obstáculos externos.
Enquanto isso, investidores buscavam controlar as preocupações depois de ataque do Irã a Israel, que envolveu mais de 300 mísseis e drones e foi a primeira investida contra Israel por outro país em mais de três décadas.
O economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo, disse que eventual retaliação de Israel “poderá gerar forte aumento dos preços do petróleo, pressão sobre a taxa de inflação nos Estados Unidos, fuga generalizada de investidores para o dólar, valorização da moeda americana e, na mais otimista das hipóteses, adiamento do início do processo de queda dos juros (nos EUA) ou, até mesmo, aumento e não de queda das taxas de juros”.
Por enquanto, investidores encontravam algum alívio nos esforços das principais potências mundiais para esfriar as tensões no Oriente Médio e evitar uma escalada desastrosa dos conflitos na região, o que limitava o impacto dos riscos geopolíticos nos ativos de risco.
“Acho que a questão geopolítica pesa um pouco, naturalmente, mas isso tende a ser algo efêmero, não deve sustentar tanta cautela no meu ponto de vista”, disse Bergallo, da FB Capital.
Na última sessão, a moeda norte-americana à vista avançou 0,60%, a 5,1213 reais na venda, seu maior patamar de encerramento desde 9 de outubro de 2023 (5,1315).
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