Reforma Tributária impacta políticas de contratação e remuneração nas empresas; entenda
A Reforma Tributária no Brasil vai mudar de forma estrutural a maneira como as empresas recolhem impostos, impactando diretamente estratégias de contratação, remuneração e organização de equipes. As áreas de Recursos Humanos e Planejamento Financeiro serão especialmente desafiadas, exigindo rápida adaptação para garantir a continuidade das operações e a competitividade.
Jorge Martínez Jr., empresário contábil, sócio da HB Realiza Contabilidade e parceiro da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, destaca os principais impactos a seguir.
1 – Mudança na política de remuneração e benefícios
A transformação no sistema tributário acontecerá de forma gradual, seguindo um cronograma que deve começar em 2026, com a aplicação de alíquotas de teste para a CBS e o IBS, e término projetado para 2033. Na prática, por alguns anos, as empresas terão que lidar simultaneamente com a cobrança dos tributos antigos e os novos. Esse período de transição será, portanto, complexo para as empresas.
A expectativa de alteração na carga tributária sobre a folha de pagamento deve levá-las a repensarem suas políticas de remuneração e benefícios. “Se houver aumento na tributação sobre a folha, é natural a revisão de pacotes de benefícios e a criação de estratégias de compensação mais alinhadas ao novo cenário”, explica Martínez.
2 – Aumento da demanda por tecnologia e especialistas fiscais
A complexidade da transição exigirá profissionais altamente capacitados e investimento em tecnologia. “As empresas devem priorizar soluções que ofereçam facilidade para as burocracias fiscais e aumentem a eficiência operacional”, afirma o especialista.
Sistemas e softwares de gestão (ERP), por exemplo, já facilitam o controle tributário, contábil, financeiro e a integração com outras áreas da empresa. A adaptação é urgente.“Se feito manualmente, o processo pode levar horas, ou até dias, ainda com o risco de erros. Com as transformações tributárias, o empresário não pode perder tempo e deve direcionar seu capital humano para análises estratégicas e interpretações legislativas, em vez de se concentrar no operacional”, recomenda Martínez.
3 – Novas funções e desafios para recursos humanos
A área de RH precisará se atualizar para lidar com os ajustes que impactam desde a folha até a retenção de talentos. “A antecipação, o monitoramento e a comunicação clara serão os grandes desafios. Não se trata apenas de cortar custos, mas de manter-se competitivo para atrair e reter bons profissionais”, destaca o empresário.
4 – Novos modelos de contratação
Com o possível aumento no custo da folha, empresas podem priorizar contratações via pessoa jurídica (PJ), terceirizações e modelos flexíveis de trabalho para preservar orçamento. Setores de serviços e comércio tendem a desacelerar as contratações no curto prazo.
5 – Crescimento de áreas estratégicas
Áreas como tecnologia, compliance fiscal e consultoria tributária devem registrar aumento de contratações. “Profissionais híbridos, aqueles que combinam conhecimento técnico com visão estratégica, serão cada vez mais disputados. Nascerá uma nova profissão ligada à gestão tributária estratégica, o que vai exigir do time de recrutamento um olhar atento e ágil”, prevê o especialista parceiro da Omie.
6 – Risco de aumento da informalidade
Caso o impacto sobre a folha de pagamento seja elevado, também há risco de aumento da informalidade, principalmente entre pequenas empresas. “Isso exigirá atenção do Governo e fiscalização para estimular a formalização”, completa Martínez.
Em um cenário de transições constantes, o RH e a alta gestão precisarão atuar de forma integrada, acompanhando de perto cada atualização tributária e adaptando processos de contratação e retenção sem perder competitividade.
Transição tributária deve aumentar demanda por tecnologia e profissionais especializados – Divulgação Divulgação / Freepik
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