O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta quarta-feira que deve decidir sobre a CPI do MEC no início da próxima semana. Pressionado pela oposição e por governistas, o senador afirmou que discutirá com os líderes do Senado sobre a abertura dessa comissão parlamentar de inquérito e de outras três que aguardam na fila. Segundo Pacheco, ele levará a questão ao colégio de líderes no início da semana que vem após a análise técnica dos pedidos, que será feita ao longo desta semana.
O líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou um pedido de CPI para investigar as suspeitas de corrupção na gestão de Milton Ribeiro no Ministério da Educação. Para barrar a criação do colegiado, os governistas ameaçaram ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) caso Pacheco não dê preferência a outras três comissões que já foram protocoladas à presidência do Senado.
Hoje, há três aguardando na fila: uma do líder do governo, Carlos Portinho (PL-RJ) sobre obras paradas do MEC em gestões passadas; uma de Eduardo Girão (Podemos-CE), sobre a atuação do narcotráfico no Norte e Nordeste do país, e de Plínio Valério, sobre a atuação de ONGs na Amazônia.
— O que cabe à presidência nesse instante é, sem preterir nenhuma iniciativa nem priorizar nenhuma iniciativa, tratar todas as iniciativas de senadores de forma igualitária e isonômica — disse Pacheco, que também afirmou: — Tudo isso vai ser avaliado pela presidência, vamos ouvir a advocacia do Senado, a consultoria do Senado e tomar a melhor decisão que eu acredito que deva ser no início da próxima semana.
Uma das possibilidades de Pacheco, conforme apurou O GLOBO, é instalar as quatro comissões. Assim evitaria de alguma das partes acionar o STF.
Outra possibilidade, mencionada por Pacheco hoje, é juntar a CPI do MEC com a comissão apresentada por Portinho, que quer investigar obras paradas do ministério. Segundo o presidente do Senado, há uma relação temática entre os dois pedidos.
Pacheco também afirmou que, após avaliar todos os cenários possíveis, vai levar a questão ao colégio de líderes para decidir se abertura das comissões é oportuna politicamente, devido à eleição. O senador já havia declarado que a proximidade com o período eleitoral poderia prejudicar os trabalhos de uma CPI.
— É inegável dizer que nos meses de agosto e setembro serão meses muito dedicados à questão eleitoral, então temos que avaliar o envolvimento dos partidos políticos, dos senadores, num propósito desses de investigação em diversas CPIs — disse.
Pressão
Pouco antes das declarações de Pacheco, Randolfe disse que tinha um “mal presságio” de juntar as duas CPIs. Segundo o líder da oposição, a possibilidade de fundir as duas comissões sobre o MEC faz parte da estratégia dos governistas de tumultuar as investigações.
— Nós, particularmente, entendemos que são objetos distintos. Eu tenho um mal presságio nessa ideia de unir as outras. Nós conhecemos e reconhecemos a retórica bolsonarista que pressupõe aquela máxima de contar uma mentira muitas vezes para que ela se torne verdade. A última vez que essa tentativa ocorreu foi para confundir o objeto real de uma comissão parlamentar de inquérito, que buscava investigar as razões porque de mais de 600 mil brasileiros morreram, foi a CPI da Pandemia —disse Randolfe.
O líder completou:
— Há uma intenção claramente de tumulto. Em princípio, nós da oposição somos avessos a essa ideia de juntar [as duas CPIs].
A possibilidade de juntar as duas CPIs foi aventada por Pacheco, após o presidente do Senado ter se reunido com aliados do Planalto no Congresso. Pela manhã, o parlamentar se encontrou com o filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e o líder do governo no Congresso, senador Eduargo Gomes (PL-TO).
Pacheco também conversou por telefone com Portinho. As três conversas giraram em torno da CPI, segundo interlocutores.
FONTE: extra
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