Um levantamento realizado pela Rede de Observatórios da Segurança, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania evidenciou que a violência policial, na Bahia, quase sempre tem um alvo definido. 98% dos mortos em operação policial no estado são negros.
Em números absolutos, apenas em 2020, 607 pessoas foram mortas pela polícia na Bahia. Destas, 595 eram negras. Neste ranking foram excluídos os casos em que não há informação de raça/cor.
No mesmo levantamento, a Bahia aparece novamente em destaque. Dessa vez com relação ao número total de homicídios praticados por agentes do Estado. A Bahia é, com folga, o estado mais letal do Nordeste.
E a violência policial no estado só vem aumentando. A Bahia tem um número de letalidade muito mais próximo de São Paulo do que o Ceará, por exemplo, justamente o segundo estado do nordeste com maior índice de violência policial.
Ao todo, em 2020, 787 pessoas foram mortas pela polícia na Bahia. Já no Ceará, esse número cai para 145. Em São Paulo, com uma população quase três vezes maior que a baiana, o número de mortos em operação policial é de 814, apenas 27 a menos.
Com relação a Salvador, os negros são 100% das vítimas mortas em operações policiais. O percentual também se repete em Fortaleza e Recife.
O relatório usa ainda exemplos para ilustrar os números. Na mesma semana em que Kethlen Romeu foi assassinada grávida, no Rio de Janeiro, por um tiro vindo de um policial, outras duas mulheres baianas morreram em Salvador, também pela polícia, como relembra o texto do documento. “[…] duas outras mulheres negras também morreram nas mãos dos agentes do estado da Bahia no Curuzu, em Salvador: Maria Célia de Santana, de 73 anos, e Viviane Soares, de 40 anos. Elas conversavam na porta de casa quando foram atingidas. E como essa lógica perversa é cotidiana, Viviane era tia do menino Railan Santos da Silva, de sete anos, que foi morto por uma bala da polícia enquanto assistia ao futebol em um campo do bairro. A Bahia tem a polícia mais letal do Nordeste.”
Com relação a Salvador, os negros são 100% das vítimas mortas em operações policiais. O percentual também se repete em Fortaleza e Recife