Para a Justiça, Maria Selma Lima praticou diversos crimes, entre eles falsificação de documento público. A ex-delegada afirma ser inocente.
Comunicativa e sempre disposta a dar entrevistas. Em 2018, a então delegada da Polícia Civil Maria Selma Pereira Lima se viu envolvida em uma investigação, mas desta vez como suspeita. Na terça-feira (13), o resultado: uma condenação de 8 anos de prisão e a perda do cargo público.
De acordo com a Justiça da Bahia, Maria Selma praticou os crimes de falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso, denunciação caluniosa, usurpação de função pública e fraude processual. A decisão foi em primeira instância e ainda cabe recurso.
Do total de 8 anos, 7 anos e meio cumpridos em regime semiaberto e outros 6 meses em regime aberto. Maria Selma também terá que pagar multa em um valor equivalente a 93 dias do salário mínimo vigente no período do crime.
Nesta quarta-feira (15), a ex-delegada alegou ter confiança de que a sentença contra ela será reformada. No julgamento, que após denúncia do Ministério Público da Bahia (MP-BA), também foram condenados na ação outros dois homens envolvidos no esquema.
Quem é a ex-delegada?
A ex-delegada Maria Selma é uma mulher de 62 anos, formada em Direito. Ela já teve atuação em algumas unidades policiais de Salvador, como as delegacias do Nordeste de Amaralina e Pituba, e o Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), todas em Salvador.
Como funcionava o esquema criminoso?
Em 2018, à frente da Delegacia da Pituba, ela foi responsável pela apreensão de 135 máquinas de caça-níqueis, em uma casa de jogo clandestino na Av. Octávio Mangabeira, em um dos trechos mais movimentados da orla da capital baiana. O cassino irregular funcionava a menos de 1km da delegacia.
As investigações do Ministério Público apontaram que, nesta ação, a então delegada permitiu que um homem, o Cláudio Marco Veloso Silva, participasse das apreensões portando uma submetralhadora e vestimentas policiais. Cláudio Marco não é policial e também foi condenado pela Justiça.
Já em outro caso, o MP-BA informou que a delegada se envolveu para possibilitar a devolução ilegal de um carro clonado. Esse veículo havia apreendido pela Polícia Civil, com membros de um grupo criminoso.
Qual a participação da ex-delegada neste esquema?
As apurações do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), do MP-BA, apontam que a então delegada usufruía dos privilégios do cargo e da influência que possuía na Polícia Civil para facilitar a execução e vantagem de crimes.
Maria Selma também falsificou documentos de terceiros para a liberação do veículo clonado apreendido. Além disso, durante a Operação Dublê, o Ministério Público constatou que ela atuava para garantir a impunidade dos criminosos.
O que diz a defesa dela?
A defesa da ex-delegada Maria Selma informou que “a condenação resultou de sentença equivocada , que deixou de proceder à análise de todos os aspectos da prova”. Disse ainda que entrou com recurso para que o Tribunal de Justiça reconheça a inocência de Maria Selma.
O advogado disse ainda que o recurso solicita que a Justiça reforme a sentença de primeiro grau, que ficará suspensa até o trânsito final do processo.