Uma moradora de Feira de Santana está enfrentando graves problemas com a obtenção de medicamentos fundamentais para manter-se viva. Karolline Hadeydi, moradora de Feira de Santana, foi diagnosticada com mieloma múltiplo há três anos e, após quatro protocolos, encontrou uma combinação que reduz os impactos da doença.
O mieloma múltiplo é um tipo de câncer que afeta a medula óssea e afeta a produção de anticorpos que combatem vírus e bactérias. Geralmente a doença atinge idosos, mas, aos 31 anos, Karolline, que atualmente tem 34, descobriu a doença.
Foi durante uma cirurgia de reparação nas mamas que exames mostraram que a hemoglobina de Karoll estava baixa, além do normal. Ela conta que ter descoberto a doença logo no início foi um fator positivo.
“Descobri cedo. Tem gente que descobre já em estado mais avançado e aí não tem como fazer o tratamento que estou fazendo”.
O protocolo, que melhor atendeu Karolline, é composto por duas medicações: uma venosa, que é a quimioterapia (Kyprolis) que deve ser tomada semanalmente, e outra é em capsulas, o Revlimind, que vem com 21 comprimidos. As medicações precisam ser tomadas todo mês. Juntas, o valor é de R$ 34 mil.
Entretanto, somando o auxílio que recebe do INSS com o salário do esposo, policial, Karoll não consegue adquirir o medicamento. “Não temos essa renda, não”. Ela acionou o governo da Bahia na justiça para conseguir que o estado lhe fornecesse a medicação.
A última vez que ela tomou a medicação foi em junho, quando lhe foi entregue somente uma, das três carterlas da caixa.
“O Estado vem fornecendo, mas sempre com atraso. Em dezembro do ano passado houve uma mobilização para chamar atenção do governador. Não posso ficar sem tomar pois corro risco de morte”, ressalta. “Eu quero o remédio que é um direito meu e os funcionários até já me conhecem. Informam que não tem resposta, não sabe que dia chega, que a Sesab [Secretaria estadual da Saúde] não informou nada a eles e não tem previsão”.
Pela incerteza de quando terá a medicação, Karoll não consegue mais dormir e vive angustiada, sem saber a quem recorrer. Sem o fornecimento dos remédios, amigos e familiares criaram uma vaquinha online para reunir fundos.
“Eu já estou cansada de ficar dependendo do estado. Estou tentando ver se a gente consegue comprar o tratamento para não depender mais deles. Eu sou o lado mais fraco da história e não posso nem brigar com eles. Fico calada e assim tenho que aguentar. As pessoas que brigam por mim.
Nas redes sociais o governador Rui Costa afirmou que pediu que fosse verificado a distribuição de medicamentos para pacientes com câncer, especialmente da Karoll. Segundo o governador, um dos medicamentos estava disponível, mas outro aguardava entrega.
O VN questionou a secretaria estadual da Saúde sobre o caso da Karolline, mas até o momento, nenhuma resposta foi dada.
Enquanto isso, Karolline encontra forças para sobreviver, além do esposo, através dos filhos, que lhe escrevem cartas constantes. “Tem o mais velho, que já entende um pouquinho. Ele me vê chorando, agoniada. Eles ficam na agonia comigo. Eu fico tentando ser forte, mas esses dias não aguento nem mais passar essa fortaleza para eles”, conta Karoll.
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Medicações que precisam ser tomadas todo mês, juntas, custam R$ 34 mil.