Quem vê Fabrício Boliveira com essa desenvoltura nas telas e nos palcos – e também em entrevistas como esta – não imagina que ele já foi gago. E foi a arte que o ajudou a curar a gagueira: “Descobri a cura da minha gagueira em cena. E hoje sou falastrão. Entendi cedo que a arte é um espaço de transformação e conexão”, afirma o baiano de 40 anos. E é em busca desta conexão que Fabrício decidiu criar o CDF – Cinema do Futuro, um curso gratuito voltado para jovens da Bahia e do Rio de Janeiro, de 13 a 20 anos. Terão preferência negros, indígenas, trans, mulheres e adolescentes em situação vulnerável.
A ideia do curso surgiu para atender a um desejo da irmã dele, Yasmin, de 16 anos, que não encontrava algo adequado para ela. “Resolvi abrir para outros adolescentes para que tenham acesso ao cinema que eu acredito e ao trabalho que eu faço”, revela o protagonista de filmes como Simonal (2019) e Faroeste Caboclo (2013).
Inquieto, mesmo na pandemia, Fabrício conseguiu dirigir dois curtas e um longa, que devem ser lançados em breve. No curta Antígona Pajubá, ele trabalha com a transformista Malayka SN e Abigail Mariano, que é mulher trans. Solidário à comunidade LGBTQIA+, Fabrício é enfático em sua defesa: “O Brasil é um dos países que mais matam pessoas LGBTQIA+ no mundo e a Bahia tem números enormes (…) A gente não pode fazer vista grossa pra isso, então a gente precisa olhar para essas questões que acontecem em nosso entorno”. Neste papo com o CORREIO, Fabrício fala sobre sua carreira, a luta contra o racismo e o bem-estar que a arte pode proporcionar principalmente em tempos de pandemia.
SERVIÇO
CDF – Cinema do Futuro
Inscrições: link na bio do Instagram @prascabecasprodutora, a partir desta segunda (7)
Grátis
Início das aulas: 30 de junho