Brilho pontual no Santos não apaga a sensação de que o craque perdeu a conexão com o futebol em sua essência.
Por mais que o futebol brasileiro ainda se emocione ao ouvir o nome Neymar, a pergunta que ecoa cada vez mais alto é: o status de “ídolo” ainda é justo? Após quase dois anos afastado dos gramados e um retorno ao Santos marcado por euforia e marketing, o craque voltou a ser pauta — mas não pelo que faz com a bola nos pés, e sim pelo comportamento fora de campo.
Dentro das quatro linhas, Neymar até entregou: foram 3 gols e 3 assistências em 7 jogos desde o retorno ao Peixe. Estatísticas que indicam produtividade, mas que, sozinhas, não sustentam o peso de um ídolo. Fora do campo, o jogador parece cada vez mais distante da responsabilidade de ser protagonista.
A mais recente polêmica surgiu após a vitória do Santos sobre o Red Bull Bragantino, pelas quartas de final do Paulistão. Apesar do desempenho de gala — com gol e assistência — Neymar deixou o jogo com um incômodo na coxa. Ao invés de focar na recuperação física para a semifinal contra o Corinthians, preferiu curtir a folga na Sapucaí, com direito a noitadas e zero cuidado com o corpo.
Culpa da lesão ou negligência?
O diagnóstico posterior revelou uma lesão muscular, que o tirou do confronto decisivo. Coincidência? Talvez. Negligência? Provavelmente.
Especialistas em fisiologia esportiva não cansam de afirmar: má qualidade do sono, alimentação desregulada e consumo de álcool são fatores que comprometem diretamente a recuperação muscular e elevam o risco de lesões. Ainda assim, Neymar preferiu manter o personagem que construiu fora de campo ao invés de zelar por sua condição física — seu maior patrimônio.
A festa nunca para: uma carreira que se esvai
Mesmo fora da semifinal do Paulistão, Neymar foi convocado para a Seleção Brasileira, que terá dois jogos importantes pelas Eliminatórias da Copa do Mundo — contra Colômbia e Argentina. A dúvida agora é: estará apto ou mais uma vez virará desfalque por conta de decisões que ele mesmo tomou?
O sentimento que fica é que Neymar decidiu encerrar sua carreira dentro de campo, mas sem fazer um anúncio oficial. Seu desempenho técnico ainda encanta, mas o descaso com a disciplina, o cuidado com o corpo e a falta de comprometimento com os momentos decisivos o transformaram em um personagem do entretenimento — e não mais em um ícone do futebol competitivo.