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Venezuela celebra vitória de Maduro em meio a disputas

Foto: GETTY IMAGES
 

Com o anúncio das autoridades eleitorais controladas por Nicolás Maduro de que ele venceu um terceiro mandato, fogos de artifício ecoaram instantaneamente por Caracas, a capital venezuelana. A cidade foi cuidadosamente orquestrada, como muitas coisas nesta eleição.

A oposição alegou imediatamente que foram eles, e não o presidente, que venceram. No entanto, você não saberia disso ao assistir às notícias aqui. As telas de televisão em todo o país mostravam apenas multidões jubilosas, envoltas na bandeira venezuelana, dançando e celebrando o presidente.

Apoio e Contestações

Nicolás Maduro ainda conta com alguns apoiadores leais, conhecidos como “Chavistas”, em referência ao seu mentor Hugo Chávez e ao socialismo por ele criado. Contudo, o número de seguidores é altamente contestado, e o resultado desta eleição está longe de ser conclusivo.

Enquanto a cidade volta à normalidade nesta manhã, o governo enfrenta pressão tanto da comunidade internacional quanto da oposição para explicar os números apresentados, especialmente após as pesquisas prévias mostrarem a oposição tão à frente. Nove países sul-americanos pediram uma “revisão completa” dos resultados e uma reunião de emergência da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Denúncias e Irregularidades

Há alguns fatos inquestionáveis. Alguns que eu, como observador no local, testemunhei. Houve grandes filas nos locais de votação, mas apenas pequenas quantidades de pessoas foram permitidas entrar de cada vez. Isso levou a acusações de atrasos deliberados, talvez na esperança de que algumas pessoas desistissem e voltassem para casa.

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Quando nossa equipe da BBC chegou a uma seção eleitoral, o organizador do local recebeu uma ligação informando que a mídia internacional estava presente. Assim, 150 pessoas foram subitamente autorizadas a entrar. Houve seções eleitorais que nem sequer abriram, levando a protestos e confrontos com as autoridades. Além disso, houve alegações de que alguns funcionários do estado, incluindo estudantes de polícia, foram instruídos sobre como votar. O rosto do presidente Maduro permaneceu estampado acima de algumas seções eleitorais até mesmo no dia da votação.

Questionamentos e Futuro

Mesmo antes das alegações de fraude explícita, questionava-se: este concurso é justo? Candidatos da oposição foram proibidos de concorrer, assessores da oposição foram detidos, muitos venezuelanos no exterior tiveram dificuldades para se registrar para votar e muitos observadores internacionais foram desconvidados.

Todos esses fatos foram vistos como tentativas de suprimir o voto da oposição. A oposição estava tão à frente nas pesquisas de opinião que muitos analistas acreditavam que essas táticas eram necessárias, pois seria difícil para o governo reivindicar uma vitória sem parecer exagerado. Agora que o governo anunciou a vitória, a oposição alega um tipo de fraude mais específico. Eles afirmam que tiveram acesso a apenas 30% dos “recibos” impressos das máquinas de votação eletrônica em todo o país, para verificar se os resultados das máquinas coincidiam com os enviados eletronicamente ao conselho eleitoral.

A oposição acredita que isso pode significar mais potencial para a manipulação dos números eletrônicos e alega que muitos de seus observadores não foram autorizados a participar da contagem. O governo nega qualquer irregularidade e, em vez disso, acusa “governos estrangeiros” de uma “operação de intervenção”.

Próximos Passos

Então, o que acontecerá a seguir? Ainda há muitas incógnitas. A oposição diz que anunciará nos próximos dias como planeja contestar os resultados. Eles e a comunidade internacional pedem provas dos números apresentados pelo governo, detalhadas contagem por contagem. É difícil ver como o presidente Maduro evitará essas chamadas sem consequências sérias para o país. Em seu discurso de vitória, ele fez referência às sanções dos EUA impostas após as últimas eleições serem consideradas injustas.

Essas sanções atingiram a já combalida economia do país. Milhões de venezuelanos fugiram, e metade da população vive na pobreza. Como todos os outros responderão será crucial agora.

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A comunidade internacional está dividida há algum tempo sobre como responder à Venezuela, com alguns governos admitindo em particular que as sanções não “funcionaram”, seja incentivando a mudança de regime ou obrigando o presidente Maduro a realizar eleições justas. As sanções também são usadas como desculpa por Maduro e seus apoiadores para os problemas do país.

O futuro da Venezuela e se o país pode se reconstruir importa para o resto do mundo. A emigração em massa alimentou uma crise migratória na fronteira dos EUA, suas vastas reservas de petróleo permanecem relativamente inutilizáveis, e o país continua sendo um aliado de Rússia, China, Cuba e Irã no Ocidente. Enquanto isso, a oposição não parece disposta a desistir sem lutar.

 

 

 

 

 

 

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