Em um movimento ousado de campanha, o candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, aceitou o desafio de participar de uma entrevista com o ex-candidato à Presidência, Pablo Marçal, conhecido pelas falas provocativas e estilo direto.
Atrás nas pesquisas e em uma fase decisiva da disputa, Boulos buscava abrir diálogo com o eleitorado de Marçal, numa tentativa de expansão de seu alcance. Contudo, a estratégia trouxe mais resistência do que apoio: em um ponto da conversa, Marçal declarou enfaticamente que Boulos “não teria seu voto jamais”.
A entrevista de uma hora seguiu um formato mais provocador, característico de Marçal, que já se afastou do cenário político tradicional e adotou uma postura mais crítica em relação à esquerda.
Embora Boulos tenha tentado criar um diálogo acessível, recorrendo a expressões populares como “cara”, Marçal se manteve firme em sua rejeição à proposta política de esquerda. “Que Deus tenha piedade de São Paulo. Você já sabe que meu voto você não tem”, disse Marçal ao final, reforçando a distância ideológica entre ambos.
A falta de alinhamento ficou ainda mais evidente quando o ex-candidato fez questão de lembrar que, mesmo com críticas à atual gestão de Ricardo Nunes (MDB), também não se sente representado pelo prefeito.
Marçal, inclusive, insinuou um desinteresse pelo processo eleitoral ao afirmar que, devido a uma viagem à Itália, talvez nem retorne ao Brasil para votar no próximo domingo.
Boulos, por sua vez, manteve a postura cordial e, ao final do encontro, agradeceu pela condução “respeitosa” de Marçal. Contudo, o ex-coach deu um último recado, prevendo que ambos estarão em lados opostos em futuras disputas políticas, seja para o governo de São Paulo ou para a Presidência.
A entrevista destaca o desafio que Boulos enfrenta para conquistar eleitores de diferentes espectros, mesmo que isso implique interações com figuras de visões políticas contrastantes, como Pablo Marçal. Ao tentar abrir o diálogo com esse público, o candidato do PSOL arriscou-se em um território inóspito e, apesar do gesto, acabou sem o apoio que esperava atrair.