Novas revelações surgiram recentemente, lançando luz sobre a atuação do ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro.
Documentos anteriormente mantidos sob sigilo na 13ª vara de Curitiba expuseram que Moro teria apoiado um acordo de colaboração premiada que incluía a gravação de conversas e a coleta de provas contra magistrados paranaenses que possuíam foro privilegiado e estavam, teoricamente, além do alcance de sua jurisdição como juiz federal.
A Colaboração Premiada e as Escutas Ambientais:
Segundo informações obtidas pelo portal G1, o documento enviado pelo delator ao STF (Supremo Tribunal Federal) revela que o acordo de colaboração previa uma série de atividades, incluindo o uso de escutas ambientais em encontros e diálogos com políticos e juristas. O objetivo era obter informações sobre desembargadores do Paraná e ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O delator em questão é um ex-deputado estadual e empresário conhecido como Tony Garcia. Ele só teve acesso formal aos termos que definiam seu papel como informante de Moro recentemente, após o juiz Eduardo Appio, desafeto da Lava Jato, assumir a 13ª vara e retirar o sigilo que mantinha os autos em segredo por quase duas décadas.
Registros de Conversas Telefônicas e Missões Delegadas:
Os autos revelam até mesmo conversas telefônicas entre o ex-juiz e o delator, nas quais Moro cobrava a entrega das tarefas previamente estabelecidas no acordo legal. Um total de 30 missões foram delegadas ao delator como parte do acordo de colaboração firmado com o Ministério Público Federal, com a assinatura de Moro.
A Investigação nas Instâncias Erradas:
De acordo com informações do portal G1, o conteúdo apresentado por Tony Garcia ao STF sugere que Moro e o MPF investigaram, inicialmente, desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que, segundo a lei, deveriam ser investigados pelo STJ. Além disso, deputados federais, detentores de foro por prerrogativa de função, foram alvo da investigação, quando deveriam ter sido encaminhados ao STF.
Essas recentes revelações lançam dúvidas sobre a conduta de Sérgio Moro e do Ministério Público Federal em relação às investigações realizadas durante a Operação Lava Jato. A alegação de que magistrados com foro privilegiado foram investigados em instâncias inadequadas poderá gerar questionamentos legais e debates sobre a ética das ações da Lava Jato, que teve um papel fundamental na política e na justiça brasileiras nos últimos anos. O caso agora está nas mãos do Supremo Tribunal Federal, que deverá analisar as implicações dessas revelações e determinar as medidas apropriadas a serem tomadas.