No dia 9 de julho, o estado de São Paulo comemora mais um aniversário da Revolução de 1932, um dos maiores conflitos armados do século 20 no Brasil.
Origem do Conflito
Revolta contra Vargas
Em 9 de julho de 1932, autoridades paulistas, no estado mais populoso e economicamente importante do país, declararam que pegariam em armas para depor o presidente Getúlio Vargas (1882-1954).
Contexto Político
A perda da hegemonia política do estado e a centralização de decisões nas mãos de Vargas criaram um cenário onde classes médias e altas se uniram para defender uma nova Constituição e a deposição do presidente.
O Ano de 1932
Marchas Antivarguistas
O ano de 1932 foi marcado por marchas antivarguistas em São Paulo. Em uma delas, a morte de jovens manifestantes pela repressão gerou um clima de revolta que culminou na guerra paulista em 9 de julho.
O Confronto
Forças em Disputa
De um lado, soldados e dezenas de milhares de paulistas voluntários. Do outro, forças federais comandadas por Vargas e os “tenentes” — jovens oficiais do Exército que tiveram papel crucial na Revolução de 30, segundo a Folha de S.Paulo.
Motivações do Conflito
As elites paulistas destacavam o constitucionalismo como bandeira do conflito. Essa era uma motivação importante, mas não a única. Entre outros motivos estavam a disputa pelo poder em São Paulo, a perda de lucros com a economia cafeeira pós-Vargas e um sentimento regionalista exacerbado.
Batalhas Regionais
A guerra atravessou fronteiras regionais, com batalhas entre tropas estaduais ou constitucionalistas e o Exército nacional em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso, o único estado cujos efetivos militares apoiaram os paulistas.
Consequências do Conflito
Gravidade do Episódio
O conflito se tornou o episódio mais grave do ponto de vista militar na história recente do país. Aproximadamente 1.000 combatentes morreram e o triunfo das tropas federais sobre os insurgentes teve ampla repercussão e interpretações divergentes nos anos seguintes.
Revolução ou Golpe?
A defesa dos paulistas faz com que muitos historiadores chamem o levante de Revolução Constitucionalista. Outras fontes o classificam como uma tentativa de golpe patrocinada pelas elites com apoio de diversos segmentos.
O Fim do Conflito
Rendição dos Insurgentes
As batalhas duraram 87 dias, até 2 de outubro, quando os insurgentes assinaram a rendição.
“Decepção Muito Grande”
“Causou uma decepção muito grande, principalmente no povo paulista”, afirmou o advogado e oficial estadual Raul Joviano do Amaral sobre o conflito.
Racismo Durante a Revolta
Em uma entrevista dos anos 1980 republicada pela Revista USP em 2014, Raul Joviano do Amaral, integrante da Legião Negra Brasileira, afirmou que havia discriminação no tratamento dado aos soldados brancos e negros durante a revolta.
Versão Oficial
Triunfo Político
A oposição teria alcançado “triunfo” político, apesar da derrota. Mesmo com a morte de combatentes em confronto com tropas federais, textos oficiais narram uma versão triunfalista dos fatos. Isso é refletido em cerimônias e monumentos como o Obelisco para os Heróis de 32, no Ibirapuera.
Engajamento Popular
O engajamento popular durante o conflito foi “unânime”, da capital ao interior, segundo publicação da Assembleia Legislativa de São Paulo. Cerca de 200 mil homens se apresentaram para lutar, mas não havia armas para todos. Somente cerca de 30 mil puderam efetivamente ser aproveitados.
Rendição e Impacto Político
A vantagem numérica e técnica das tropas federais levou à rendição dos paulistas. No entanto, eles conquistaram terreno político ao pressionarem pela realização de eleições, embora Vargas tenha saído vencedor das urnas.
Propaganda Paulista
O mantra “derrota militar, vitória política” passou a ser explorado como propaganda da versão paulista.
Tensões Internas
Barbara Weinstein, professora de história da New York University, descreveu o período como cheio de tensões entre aqueles que viam a Revolução Constitucionalista como um emblema da paulistanidade e outros grupos mais sensíveis ao crescimento de sentimentos nacionalistas.
“Discutível”
Até um jornal cético quanto à Revolução de 32, O Correio da Manhã, reconheceu que, politicamente, 32 poderia ser “discutível”. No entanto, não havia como negar a sinceridade de um povo que arriscou suas vidas por uma causa, concluiu a pesquisadora.
Créditos: UOL
Mais em Portal Notícia Tem.