Medidas econômicas recentes geraram reações negativas e elevaram a instabilidade no câmbio
A recente disparada do dólar colocou a política econômica do governo Lula (PT) no centro das atenções e críticas. A moeda norte-americana ultrapassou os R$ 6 no início do pregão desta quinta-feira (28), encerrando o dia a R$ 5,98. O cenário foi agravado pelo anúncio de novas medidas fiscais na noite anterior, incluindo a ampliação da isenção do Imposto de Renda, acompanhada de um pacote de ajustes nos gastos públicos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu a alta à falta de compreensão sobre a reforma do Imposto de Renda, descolando-a do pacote fiscal. “O maior ruído vem da reforma da renda, não das medidas apresentadas”, disse Haddad após reunião com senadores. Ele reafirmou o compromisso com a responsabilidade fiscal e destacou a possibilidade de novas ações para equilibrar as contas públicas.
Já o ministro da Casa Civil, Rui Costa, adotou um tom mais crítico. Ele acusou a atual gestão do Banco Central, comandada por Roberto Campos Neto, de boicotar o governo e gerar instabilidade econômica. Costa afirmou estar em “contagem regressiva” para mudanças no comando do BC.
Pressão sobre o Banco Central
Parlamentares do PT, como Gleisi Hoffmann e Odair Cunha, reforçaram críticas à atuação do Banco Central, cobrando maior intervenção no câmbio para conter a especulação. Cunha classificou a postura de Campos Neto como “inaceitável”, enquanto Hoffmann pediu ações concretas para estabilizar o real.
Câmbio e economia
Embora o Brasil adote um regime de câmbio flutuante, o Banco Central pode atuar para evitar desordem no mercado. O atual cenário, entretanto, reforça a percepção de que as medidas do governo são insuficientes para conter o aumento da dívida pública e restaurar a confiança dos investidores.
Pacote fiscal em debate
A equipe econômica anunciou um corte de despesas que poderá economizar R$ 327 bilhões até 2030. Apesar de o mercado ter recebido bem as medidas, especialistas avaliam que o impacto fiscal será inferior ao estimado. Economistas como Marcos Mendes e Felipe Salto consideram que os ajustes propostos precisam ser complementados por aumento de receitas e cortes mais robustos para assegurar a sustentabilidade fiscal.
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