O uso da expressão “sabor de infância” até pode ter uma aplicação relativa a depender do interlocutor. Porém, é inegável que o resgate de marcas emblemáticas de décadas atrás foi um dos responsáveis por promover uma disparada de 15% nas vendas dos ovos de Páscoa, segundo os produtores.
Um levantamento feito pela indústria do chocolate aponta que as marcas apresentaram 611 itens para o mercado na Páscoa de 2024. Destes, 115 foram lançamentos.
Entre eles estão o ovo Tortuguita, da Arcor, o Língua de Gato Cookies & Cream, da Kopenhagen, e os ovos de Páscoa Caribe e Passatempo, da Garoto e Nestlé, respectivamente.
O bombom Caribe, que tem recheio de banana, foi lançado no Brasil em 1986 pela Garoto. As bolachas Passatempo chegaram ao mercado mais tarde, em 1992.
A linha Tortuguita é mais nova, de 1995. Mas nada supera o estilo centenário do chocolate “Língua de Gato”, criado em 1892 em Viena, Áustria, pela empresa Küfferle (que hoje pertence à Lindt), e reproduzido nacionalmente pela Kopenhagen.
Repaginados, os clássicos agora trazem mais preocupação com sustentabilidade e rastreabilidade. A mudança no olhar da indústria garantiu pelo segundo ano consecutivo ao Brasil o certificado de chocolate 100% fino e de aroma pela Organização Internacional do Cacau.
“Apesar da alta do cacau, que passou de US$ 2.500 a arroba na Bolsa de Nova York para US$ 9.200, os itens começam a ser produzidos no ano anterior, por volta de agosto. Essa alta deve-se à quebra de safra dos dois maiores produtores mundiais: Costa do Marfim e Gana, responsáveis por 60% do chocolate do mundo. Efeitos climáticos do El Niño devastaram as colheitas nesses lugares”, conta Jaime Recena, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab).
Em meio às turbulências do mercado externo, o Brasil viu a produção de chocolate crescer 6%: de 760 mil toneladas em 2022, para 805 mil em 2023. Na prática, são 9 milhões de ovos a mais fabricados em 2024, uma alta de 17%.
O Pará é o maior estado produtor e responde hoje por 53% do cacau brasileiro. A Bahia tem 38%, seguida de Espírito Santo e Rondônia. O programa Inova Cacau, que reúne governo e produtores, pretende, até 2030, duplicar a produção atual, para mais de 400 mil toneladas.
O investimento em alargar a produção impacta nas vendas e gera empregos. As indústrias contrataram 8 mil temporários. “É a porta de entrada para postos fixos de trabalho. 25% desse total acabam sendo incorporados à força de trabalho”, defende Recena.
.
.
.
SAIBA MAIS EM: NOTICIATEM.COM!