Conforme vem noticiando o Conexão Política, o Brasil, que é um dos maiores mercados da gigante chinesa de telecomunicações Huawei, pode estar pronto para fechar seus contratos de 5G com as empresas de telecomunicações europeias, Ericsson e Nokia, enquanto os Estados Unidos estão conversando com o governo brasileiro, e propondo financiar a operação de infraestrutura 5G, sob a condição de que o Brasil deixe a Huawei fora das negociações.
A Embaixada dos EUA em Brasília divulgou no mês passado, em português, uma declaração de Mike Pompeo.
Na mensagem, o secretário de Estado americano diz que cidadãos do mundo inteiro estão “acordando para o perigo do estado de vigilância do Partido Comunista chinês”.
“A maré está se voltando contra a Huawei, à medida que cidadãos de todo o mundo estão acordando para o perigo do estado de vigilância do Partido Comunista Chinês”, disse Pompeo.
“Os acordos da Huawei com operadoras de telecomunicações em todo o mundo estão evaporando, porque os países estão permitindo apenas fornecedores confiáveis em suas redes 5G”, acrescentou.
Huawei no Brasil
No início deste mês de julho, o portal Reuters registrou que um executivo da Huawei alertou que o Brasil poderá sofrer anos de atraso na implantação de uma rede de telecomunicações 5G e custos mais altos se sucumbir à crescente pressão dos EUA para desprezar o fornecedor de equipamentos chinês.
Caso o alerta dos EUA tenha êxito sobre o Brasil, isso representará uma grande perda para a gigante chinesa de telecomunicações, pois a empresa reforçou sua presença no mercado brasileiro nas últimas duas décadas, durante o período de governo de Lula e Dilma.
A Huawei conduziu testes 5G para as quatro principais empresas de telecomunicações,a Telefônica Brasil, TIM, Claro e Oi, e está ajudando estas empresas a modernizar sua infraestrutura, antes do leilão esperado do espectro 5G, que deve ocorrer em 2021. A empresa também prometeu instalar uma fábrica em São Paulo até 2022, com um investimento de 800 milhões de dólares.
O mercado brasileiro parecia um tiro certeiro para a Huawei, mas agora, com os EUA prontos para financiar os custos de infraestrutura se o governo brasileiro escolher por ‘players’ europeus ou outros não-chineses, o possível acordo com a Huawei “iria por água abaixo”. E isso significa uma enorme perda para a gigante chinesa das telecomunicações.
“Quem quer fazer investimentos em países onde suas informações não serão protegidas?” disse o embaixador dos EUA, Chapman à Folha.
O governo e a Anatel também estão avaliando propostas de empresas como a norte-americana Qualcomm, com planos para 2021/2022.
Financiamento
O financiamento seria por meio da International Development Finance Corporation, um banco de desenvolvimento criado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no final de 2018, que atua como um contraponto à iniciativa chinesa do Cinturão Econômico da Rota da Seda e ao Banco de Desenvolvimento da China, que oferece crédito para obras de infraestrutura em outros países.
O governo Trump pediu aos governos de todo o mundo, incluindo o Brasil, que evitassem a Huawei devido a preocupações com espionagem.
Reação global
As empresas de telecomunicações canadenses também fecharam as portas para as empresas chinesas. Duas operadoras de telecomunicações canadenses, a BCE Inc. (controladora da Bell) e a Telus Corp, decidiram agora usar equipamentos da Nokia e Ericsson para construir suas redes 5G de próxima geração no Canadá. Isso significa efetivamente que o Canadá deixou a China “a ver navios”, juntamente ao seu fornecedor de tecnologia 5G Huawei.
A Bell já usa a Huawei em sua rede 4G existente, no entanto, o envolvimento da empresa chinesa na implantação de 5G já foi descartado. A Telus chegou ao ponto de afirmar em fevereiro deste ano que faria parceria com a Huawei para implantar a tecnologia 5G no país. Com Bell e Telus rejeitando a Huawei, o Partido Comunista Chinês deve ficar enfurecido. Todas as três principais operadoras de telecomunicações do Canadá, Bell, Telus e Rogers, estão agora trabalhando com a Nokia e a Ericsson.
Os Estados Unidos estão usando o mesmo manual usado no Canadá e, portanto, a Huawei deve sofrer um segundo grande choque dentro de algumas semanas.
A reação global contra empresas chinesas, especialmente vendedores de equipamentos de telecomunicações que lideravam a corrida 5G global como Huawei, ZTE e Datang Telecom, levou ao ressurgimento de duas empresas europeias, a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia.
Atualmente, as nove empresas que vendem equipamentos 5G são Altiostar, Cisco Systems, Datang Telecom / Fiberhome, Ericsson, Huawei, Nokia, Qualcomm, Samsung e ZTE, das quais três empresas chinesas, Huawei, Datang e ZTE, lideram a corrida, por seus produtos serem mais baratos.
Mas a reação global contra a China e os relatos de espionagem do Exército de Libertação Popular através dessas empresas causaram danos maciços às empresas chinesas de 5G, especialmente a Huawei.
A reação contra a Huawei é proveniente dos governos, como no caso do Reino Unido, e também dos próprios operadores de telecomunicações, como no Canadá, onde duas das três principais empresas de telecomunicações anunciaram que não lidariam com a Huawei em sua distribuição 5G.
O governo dos Estados Unidos já aconselhou os países europeus a utilizarem produtos da Ericsson, Nokia e Samsung, em vez da Huawei. A Polônia assinou um acordo de cooperação com os EUA para a nova tecnologia 5G, afirmando que a segurança e a cooperação com os EUA serão um aspecto central.
O Vietnã, por questões geopolíticas, também contornou a chinesa Huawei e desenvolveu uma tecnologia própria para o 5G.
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