Viagens foram canceladas e ônibus que já haviam saído ficaram parados nas estradas por horas;
as manifestações nas rodovias, que começaram após as eleições presidenciais, podem comprometer o abastecimento de produtos;
Plataformas sem ônibus e fila de passageiros sem previsão de quando vão conseguir embarcar para os destinos: esse era o cenário no Terminal Rodoviário do Tietê, na zona norte da capital paulista. Viagens para cidades como Rio de Janeiro, Florianópolis e Curitiba foram canceladas por causa dos bloqueios nas estradas federais.
Por dia, 80 mil pessoas circulam pela rodoviária, considerada uma das maiores da América Latina. A administração informou que ainda não sabe dizer qual foi o real impacto na movimentação e nem quando as partidas serão reestabelecidas. Passageiros com bilhetes para diversos locais do país estavam apreensivos.
“Estou preocupado, com medo de ficar parado no meio da estrada. A viagem de São Paulo para o Pará já dura três dias. Imagina se eu ainda fico nesse bloqueio”, disse o jornalista Gilcimar Fernandes da Silva, de 35 anos, que ia para o Pará.
Ainda segundo a concessionária que administra o terminal e a rodoviária da Barra Funda, alguns ônibus que partiram na segunda-feira (31) com destino ao Rio de Janeiro retornaram a São Paulo depois de permanecerem parados nas estradas por horas. Por isso, foi suspensa a venda das passagens para os locais onde há bloqueios no caminho, até que a situação se normalize.
A orientação é que os passageiros procurem as viações para remarcarem as viagens ou para pegarem o reembolso. A operação e os demais serviços do Terminal Tietê e Barra Funda seguem em pleno funcionamento.
No Rio de Janeiro, todas as viagens saindo da Rodoviária Novo Rio em direção a São Paulo, Minas Gerais, Nordeste e Sul do país estão suspensas. A expectativa de movimento no terminal nesta terça-feira (01), véspera de feriado, era de que dez mil pessoas embarcassem embarcassem para diferentes destinos, mas, segundo a administração, a movimentação foi impactada pelas interdições causadas nas rodovias do país.
Já na segunda-feira (31), foram cinco mil passageiros a menos, pelo mesmo motivo, o que representa 40% do movimento previsto para o dia.
Abastecimento de alimentos
Um outro reflexo dos bloqueios impostos pelos manifestantes, descontentes com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais no último domingo (30), é no abastecimento de diversos produtos.
A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) informou que houve redução de 17% na entrada de veículos na central de abastecimento nesta terça-feira (01) em relação ao mesmo dia da semana passada. Eles atribuem a queda em parte às manifestações nas rodovias, mas também ao feriado e clima mais frio, que costumam reduzir a frequência no local. Comparando as segundas-feiras desta semana e da semana anterior, a redução na entrada de veículos foi de aproximadamente 5,52%.
Apesar da diminuição, a Ceagesp descarta a possibilidade de desabastecimento. “Conversamos com alguns produtores e permissionários e o mercado está abastecido. Não há falta de mercadorias”, explicou o chefe da Seção de Economia, Thiago de Oliveira.
Já o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, disse que alguns supermercados já começaram a ter dificuldades com abastecimento. Ele pediu apoio ao presidente Jair Bolsonaro para resolver a situação.
Em nota, o Ministério da Infraestrutura informou que a Polícia Rodoviária Federal monitora e situação e atua pela liberação das vias.