No dia 17 de agosto, a comunidade Quilombola de Pitanga dos Palmares, localizada em Simões Filho, foi abalada pela trágica morte de Dona Bernadete Pacífico, uma mãe de santo e líder comunitária.
Dona Bernadete foi assassinada brutalmente em seu próprio terreiro, onde estava sentada no sofá, quando dois homens armados invadiram o local e efetuaram vários tiros. Os assassinos fugiram em uma moto, deixando um rastro de choque e revolta na comunidade.
Dona Bernadete Pacífico era uma figura respeitada e querida em sua comunidade e além. Além de sua prática religiosa como mãe de santo, ela desempenhava um papel crucial como líder da comunidade Quilombola de Pitanga dos Palmares. Os quilombolas são descendentes de africanos que fugiram da escravidão e formaram comunidades autônomas no Brasil. As comunidades quilombolas têm enfrentado desafios históricos e contemporâneos, incluindo disputas territoriais, discriminação racial e social, bem como dificuldades econômicas.
O Sacerdote Aritana de Oxóssi, conhecido por sua defesa da religião afro-brasileira e por seu programa “Matris Africa”, expressou seu pesar pela trágica morte de Dona Bernadete Pacífico. Ele ressaltou não apenas a perda de uma pessoa maravilhosa, mas também a importância de refletir sobre o preconceito e a discriminação que ainda persistem na sociedade. A religião afro-brasileira frequentemente enfrenta estigmatização e intolerância, e a morte de Dona Bernadete é um lembrete doloroso desses desafios.
O assassinato de Dona Bernadete também trouxe à tona a questão das disputas territoriais que afetam as comunidades quilombolas. A suspeita é que seu filho, Binho, tenha sido assassinado em 2017 devido a conflitos relacionados à disputa por terras na comunidade de Pitanga dos Palmares. Binho representava uma das lideranças mais ativas na comunidade, e sua morte evidencia as ameaças e violências enfrentadas por aqueles que lutam pelo direito à terra e pela preservação das tradições culturais quilombolas.
A presença de mais de 20 cápsulas na cena do crime reflete a violência extrema com a qual o assassinato foi cometido, deixando a comunidade em choque e temor. A resposta das autoridades locais e estaduais é essencial para garantir que a justiça seja feita e que tais atos de violência não fiquem impunes.
Em última análise, a morte de Dona Bernadete Pacífico destaca a importância contínua de abordar o preconceito, a discriminação e a violência contra comunidades quilombolas e religiões afro-brasileiras. É necessário que a sociedade brasileira como um todo reflita sobre a urgência de promover a igualdade, o respeito à diversidade cultural e religiosa, e garantir a proteção dos direitos humanos de todos os cidadãos, independentemente de sua origem étnica ou crenças religiosas.