Vitória histórica de Lin Yu-ting
Quando o árbitro levantou a mão de Lin Yu-ting na final feminina de 57kg dos Jogos de Paris 2024, ela fez história. Lin conquistou a primeira medalha de ouro olímpica de Taiwan no boxe.
Comemoração nacional
O Presidente de Taiwan, Lai Ching-te, chamou Lin de “filha de Taiwan” e se juntou aos milhões que comemoraram sua vitória. Ele declarou que Lin encheu Taiwan de orgulho.
Ele escreveu: “Com foco e disciplina, ela superou a desinformação e o cyberbullying, transformando a adversidade em vitória”, na plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter.
Controvérsia de gênero
Até algumas semanas atrás, o nome de Lin era pouco conhecido fora de Taiwan. Contudo, os Jogos a colocaram no centro das atenções, após ela e a boxeadora argelina Imane Khelif se tornarem o foco de uma polêmica sobre elegibilidade de gênero nos Jogos Olímpicos de 2024.
Lin e Khelif foram autorizadas a competir em Paris, mesmo após serem desqualificadas do Campeonato Mundial do ano passado por falharem em testes de elegibilidade de gênero. Os juízes do COI justificaram a inclusão delas, afirmando que os testes realizados pela banida Associação Internacional de Boxe (AIBA) eram falhos e que ambas nasceram e foram criadas como mulheres.
Repercussão online
Apesar da decisão, a inclusão das atletas gerou controvérsia e críticas, com ambas sofrendo abuso online. Alguns competidores e figuras públicas, como Donald Trump e JK Rowling, criticaram a participação delas nas categorias femininas.
Por outro lado, os taiwaneses apoiaram firmemente Lin durante toda sua campanha olímpica, celebrando suas vitórias e defendendo-a vigorosamente.
O presidente Lai solicitou que sua administração tomasse medidas legais contra os “ataques maliciosos e o bullying” que Lin sofreu. Online, outros ecoaram essa opinião, afirmando que “a filha de Taiwan é protegida pelo povo de Taiwan.”
Apoio popular e familiar
No sábado, centenas de pessoas se reuniram em New Taipei, cidade natal de Lin, para assistir à transmissão ao vivo da final, junto com sua mãe, Liao Shiu-chen. Liao expressou gratidão pelo apoio dado a Lin, dizendo: “Ela realmente se manteve firme. Ela conseguiu.”
Ela também afirmou: “Mamãe te ama. Eu amo minha filha.”
A vitória de Lin inspirou muitos, incluindo jovens boxeadores em sua antiga escola. Ange Cha, chefe de educação física da escola, disse que a conquista de Lin serve como um objetivo a ser alcançado e um modelo a seguir.
Superação pessoal e legado
A controvérsia sobre elegibilidade de gênero foi um dos temas mais polêmicos dos Jogos de 2024. Lin revelou que se isolou das redes sociais para evitar o assunto.
Seu primo e antigo parceiro de treino, Hsu Hao-xiang, considerou a polêmica um monte de bobagem, lembrando que Lin competiu sem problemas durante anos.
Hsu descreveu Lin como uma pessoa calorosa e atenciosa fora dos ringues, sempre preocupada com sua família. Uma antiga entrevista de Lin, onde ela explica que começou a boxear para proteger minha mãe de violência doméstica, também ganhou destaque em Taiwan.
Com a vitória, Lin completou um “grand slam” dourado, tendo conquistado duas medalhas de ouro em Campeonatos Mundiais e a primeira medalha de ouro de Taiwan nos Jogos Asiáticos de 2022.
O futuro da discussão sobre gênero
Apesar de seu caminho até o ouro não ter sido fácil, Lin superou derrotas e obstáculos. Em 2016, ela não se classificou para as Olimpíadas do Rio. Em 2021, apesar de ser favorita, foi derrotada na primeira rodada dos Jogos de Tóquio.
O apoio do público deu a Lin a coragem necessária para continuar. Seu primo Hsu afirmou que foi emocionante ver tantas pessoas torcendo por Lin e acompanhando suas lutas.
Embora os Jogos Olímpicos de 2024 tenham terminado, a discussão sobre elegibilidade de gênero nos esportes continuará. O presidente do COI, Thomas Bach, deixou em aberto a possibilidade de revisar as regras de elegibilidade da organização.
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