A disparidade de preços
Em Rivera, uma cidade uruguaia na fronteira com o Brasil, um tubo de pasta de dente de 180 gramas custa 243 pesos (US$ 6,20). No entanto, atravessando a rua para a cidade brasileira de Sant’Ana do Livramento, a mesma pasta de dente, produzida em São Paulo, pode ser encontrada por R$ 6,99 (US$ 1,28).
Essa diferença ilustra como o Uruguai é caro em comparação com seus vizinhos. Segundo uma pesquisa do Centro de Estudos para o Desenvolvimento (CED), encomendada pelo Banco Central do Uruguai, os preços ao consumidor no país chegam a triplicar em relação ao custo de importação.
Produtos como sabonetes e desodorantes podem ser até seis vezes mais caros do que o preço de entrada no país. O CED comparou os preços de 600 produtos no Uruguai com os de 43 outros países ao longo do tempo, revelando que os preços são, em média, 27% mais altos no Uruguai.
Frutas e verduras são mais caras no Uruguai (foto) em comparação com o vizinho Brasil, de acordo com um estudo. GETTY IMAGES
Comparações internacionais
O Uruguai tem preços mais altos do que países europeus desenvolvidos como França, Alemanha e Reino Unido. Apenas nove países, incluindo Japão, Finlândia e Suíça, são mais caros.
Na América Latina, os produtos uruguaios custam mais que o dobro dos bolivianos, 80% mais que os mexicanos e 20% mais que os brasileiros e argentinos.
O “efeito país”
O economista Ignacio Umpierrez, do CED, aponta que a ausência de produção nacional em diversas áreas obriga o Uruguai a depender de importações. O mercado uruguaio, pequeno e concentrado em poucas empresas, resulta em menor concorrência e maior poder de precificação, aumentando os preços finais para os consumidores.
Segundo o economista Sebastián Fleitas, o porto de Montevidéu é mais caro para os importadores em comparação com os custos em outros países. GETTY IMAGES
Desafios estruturais
Sebastián Fleitas, professor de economia da Universidade Católica do Chile, destaca que a falta de concorrência e a regulamentação estatal ineficiente são problemas centrais. Além disso, o Uruguai enfrenta altos custos de transporte e logística devido à sua localização geográfica.
As regulamentações também criam barreiras para a entrada de novos produtos. Empresas locais precisam de registros sanitários específicos para importar produtos, o que favorece grandes multinacionais.
Impacto das políticas tributárias
O sistema tributário uruguaio, com impostos elevados sobre consumo, contribui significativamente para os preços altos. O combustível no Uruguai, por exemplo, é um dos mais caros da América Latina devido à alta carga tributária.
Questões de infraestrutura
Os custos elevados de energia e transporte também impactam os preços. Investimentos em energia renovável e subsídios ao transporte público elevam os custos de produção e distribuição.
Conclusão
O Uruguai é considerado um país de alta renda na América Latina, com um PIB per capita de cerca de US$ 22 mil. No entanto, os altos preços de bens e serviços fazem com que os uruguaios sintam o peso do custo de vida.
Embora o estado de bem-estar social do Uruguai ofereça benefícios à população, muitos dos altos custos são atribuídos a margens de lucro elevadas e ineficiências regulatórias, beneficiando apenas uma minoria.
Fonte: BBC Brasil
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