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Advogada fala sobre ser 1ª trans eleita conselheira em seccional da OAB: ‘Representatividade é um caminho sem volta’

Advogada fala sobre ser 1ª trans eleita conselheira em seccional da OAB: 'Representatividade é um caminho sem volta'
 

A advogada Amanda Souto Baliza também foi pioneira na presidência de uma comissão da Ordem em Goiás. Jurista lembra luta por um espaço durante a transição e conquistas ao longo do caminho.

Nesta segunda-feira (21), a advogada Amanda Souto Baliza tem muito mais o que comemorar além dos seus 31 anos de vida. Ela foi a primeira mulher transexual a ser eleita conselheira em uma seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – no caso, na seção Goiás. A jurista reflete sobre a importância da representatividade e a responsabilidade que vem com o pioneirismo.

“A representatividade é um caminho sem volta. Algumas pessoas podem até tentar, mas não vão conseguir barrar. […] A diversidade proporciona um campo de visão maior dos problemas e soluções”, observou.

O pioneirismo já faz parte da carreira da advogada. Amanda também foi a primeira mulher transexual a presidira Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB-GO e a ter os registros modificados na Ordem.

“[A vanguarda] é uma posição de muita responsabilidade. Você vira um reflexo e as pessoas se espelham em você. Elas te olham e vêem algo que elas querem – ou não querem – ser um dia”, ponderou.

Luta por espaço

Amanda recorda que nem sempre teve esse espaço. Ela começou a transição por volta dos 27 anos, quando já estava com seis anos de experiência na área e, mesmo tendo um bom desempenho no escritório em que trabalhava, foi demitida.

“Não posso afirmar que foi por causa disso, mas foi bem nesse período. Entrei em uma fase muito difícil, principalmente de realocação”, contou.

Segundo ela, mesmo com formação, experiência e qualificação não encontrava oportunidades de atuar na área.

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“Teve uma situação que me marcou muito: eu fiz uma especialização e estava tentando muito entrar em uma empresa. Eles receberam meu currículo e me ligaram. A pessoa ao telefone pediu para falar com a Amanda e, quando eu disse que era eu, ela desligou”, lembrou.

Depois dessas negativas, ela começou um trabalho voluntário na Aliança Nacional LGBTI, até que foi contratada para atuar na área jurídica do órgão.

Aos poucos ela foi ganhando visibilidade pela qualidade do trabalho que desempenhava até que foi indicada para a presidência da Comissão, que assumiu em junho de 2021.

“Quando veio a oportunidade da eleição para o conselho, eu tive um pouco de resistência. Achei que era uma responsabilidade muito grande, mas muitas pessoas insistiram e eu fui. Dia 19 de novembro fomos eleitos”, disse.

A jurista pontuou que o conselho tem um papel muito importante na advocacia. Ele é formado por 96 conselheiros e pode contar com ex-presidentes, que se tornam “conselheiros natos”.

Amanda explicou que as funções do grupo são: criar normativas para a área e também julgar os processos éticos e administrativos envolvendo a prática dos advogados. “Os rumos da advocacia passam pelo conselho”, observou.

A presença de uma mulher trans neste grupo representa a conquista de espaço em uma área que ainda é muito conservadora, segundo Amanda.

“Não temos muitas pessoas trans na magistratura, no Ministério Público, na Defensoaria Pública. […] Mas é uma mudança que vai ficar para sempre. A representatividade é um caminho sem volta”, concluiu.

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Fonte: g1

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