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Aluno trans diz que Ufac não aceitou nome social no documento de formatura

Aluno trans diz que Ufac não aceitou nome social no documento de formatura
 

Aluno do curso de veterinária diz que a universidade não aceitou colocar o nome social dele na documentação de colação de grau especial. Ufac nega as acusações.

A Universidade Federal do Acre (Ufac) é investigada por não aceitar o nome social de um aluno transgênero do curso de veterinária no processo e documentação de colação de grau especial. O Ministério Público Federal (MPF-AC) deu dez dias para que a universidade explique os motivos que levaram a decisão.

A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) instaurou um procedimento para investigar o crime de transfobia e pediu, por meio de ofício, cópia do procedimento administrativo de colação de grau do estudante e também da normatização que fundamentou a decisão de não aceitar o nome social dele.

O órgão federal quer saber também se existem outras situações desse tipo com estudantes trans da universidade.

O acadêmico trans Eduardo Freitas, de 25 anos, deu entrada no processo de colação do curso no início de outubro e, segundo ele, ainda não conseguiu se formar.

O motivo, conforme o aluno, seria porque a universidade sugeriu colocar o nome de registro civil dele no diploma e quando fosse chamá-lo durante a cerimônia e ele não aceitou.

A assessoria de comunicação da Ufac informou que ainda não foi notificada da investigação. Sobre o nome social do aluno, a universidade afirmou que não houve negativa e segue sempre o que estabelece a lei.

Já sobre a questão do pedido de colação especial, a assessoria informou que essa opção é solicitada mediante uma justificativa, seja de proposta de emprego, aprovação em concurso público ou pós-graduação. Além disso, os pedidos são analisados individualmente e a data da cerimônia marcada respeitando um calendário.

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A Ufac destacou que a turma de Eduardo Freitas ainda não colou grau, apenas alguns alunos que fizeram a solicitação especial.

Pedido antecipado

Contudo, segundo o estudante, o caso não teria sido dessa forma. Ele explicou que entrou com o pedido de colação de grau porque a universidade lançou em 2020 uma normativa suspendendo as formaturas e colação presenciais devido à pandemia e que cada aluno ficaria responsável por solicitar formatura especial de forma on-line.

Além disso, ele destacou que o pedido foi baseado visando possíveis propostas de emprego que poderiam surgir. No início de outubro, Eduardo Freitas solicitou a colação especial e deu entrada no processo junto à coordenação do curso.

De lá, o processo foi encaminhado para o Núcleo de Registro e Controle Acadêmico (Nurca). De acordo com ele, tanto a coordenação do curso quanto o Nurca o consideram apto a formar, mas o processo ficou parado em um setor do núcleo encarregado de liberar a documentação.

“Meu processo foi negligenciado, deixado para lá porque não sabiam o que fazer comigo. A instituição tinha a declaração que inclui o nome social e não sabia o que fazer. Isso me deixou muito chateado, magoado e triste”, lamenta.

O estudante pretendia colar grau com alguns colegas de curso que formaram no último dia 12. Por isso, ele diz que deu entrada na documentação no início do mês passado e ficou aguardando resposta.

Com a aproximação da data, Eduardo tentou contato por diversas vezes com o núcleo para saber se faltava alguma documentação no processo e o motivo da falta de contato, mas não obteve retorno.

“Conversei com amigos da turma, alguns falaram que o processo tinha demorado, mas tinham mandado e-mail e resolvido. Mandei e-mail e não me responderam. Fui lá no dia seguinte, encontrei dois servidores e perguntei sobre o meu processo, o que faltava para andar. Perguntaram se eu tinha proposta de emprego e falei que não. Falaram que estavam atendendo conforme a demanda chegava no e-mail”, relembra.

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Nome social

No último dia 12, houve uma cerimônia com alunos que solicitaram a colação especial. Eduardo não participou. Conforme o estudante, um servidor da universidade conversou com ele por telefone depois e alegou que estavam tendo problema com o nome dele, perguntou se poderiam colocar o nome do registro civil no processo e documentação.

Durante a ligação, o aluno disse que foi chamado pelo antigo nome e isso o deixou chateado. O estudante afirma que entrou com pedido para usar o nome social na chamada, registro do portal de estudante e demais documentação da universidade em 2020. O pedido foi aceito.

Estudantes travestis, transexuais e transgêneros são reconhecidos pelo nome social na universidade desde fevereiro de 2016. Para isso, basta entrar com uma solicitação no Nurca. A medida foi aprovada pelo Conselho Universitário (Consu) e é válida para documentação interna.

Eduardo Freitas diz que solicitou antecipadamente o reconhecimento pelo nome social já para evitar transtornos na hora da formatura. O acadêmico afirma que a situação causou chateação e desgaste emocional.

“Poderiam ter entrado em contato comigo desde o mês passado, falar que não sabiam como prosseguir. Mas, esperaram passar mais de um mês para entrar em contato por ligação, não responderam meu e-mail. Nunca me deram uma resposta do porquê do atraso. Todo mundo que entregou o processo formou dia 12″, critica.

Fonte: g1

Veja também: Um dos três adolescentes apreendidos suspeitos de estuprar meninas e filmar crime é liberado, diz delegada

 

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