‘Estou dilacerada, porque meu filho morreu inocente’, diz mãe de jovem baleado durante operação da PM em Salvador
Caso ocorreu no sábado (24), véspera de Natal, e vítima de 19 anos morreu na madrugada desta quarta (28).
Jovem morre após ser baleado em ação policial em Salvador
A mãe do jovem Marcelo Daniel Ferreira Santos, de 19 anos, que morreu na madrugada desta quarta-feira (28), quatro dias após ser baleado durante uma operação da Polícia Militar,
no bairro do Nordeste de Amaralina, contou que o filho foi assassinado após se render.
“Eu estou dilacerada, porque meu filho morreu inocente.
Meu filho morreu suspendendo as mãos. Quando a gente faz essa posição, ele diz o que?
Eu me rendo”, disse Evanir Ferreira, mãe de Marcelo.
Segundo a mãe da vítima, Marcelo não tinha envolvimento com crimes e jogava futebol amador. Ela pede uma resposta da Corregedoria da Polícia Militar, já que os moradores contam que policiais da corporação entraram na localidade atirando.
“Eu sou mãe, sou vítima. Eles deixaram uma sequela na minha família.
O Estado me diz o que? Eu sou cidadã, contribuo, sou servidora, e aí?
Vai chegando, tirando um ente querido do seio da família e vai ficar por isso mesmo? Até quando?”, questionou.
Evanir ainda afirmou que foi impedida de tocar no filho, depois que ele foi baleado.
“Quando eu vou em direção ao meu filho baleado, impede que eu me aproxime.
Eu não consegui chegar perto do meu filho, porque fui impedida.
Eu perguntava para eles: ‘Por que vocês fizeram isso com meu filho?
Dê socorro ao meu filho, porque ele vai terminar chocando, está perdendo sangue’”.
“Foram as minhas palavras. ‘Calma, senhora, você está nervosa’. Em uma situação dessa é para eu estar como?”, relatou.
‘Não vamos nos calar’
Mateus, irmão de Marcelo, também criticou a ação da polícia, e contou que o jovem andava na rua quando foi baleado.
“Meu irmão tinha 19 anos, sonhador, jogador de futebol. Todo mundo aqui está de prova, meu irmão não era envolvido [com crimes], não se metia com nada disso. Ele estava simplesmente passando pela rua onde morava”.
Após a morte do jovem, Mateus disse que vai lutar por justiça.
“Nós moramos na comunidade, no complexo, nós somos pretos.
Não é porque nós somos pretos, que nós não temos educação, que não temos estudo”.