Um lutador da seleção brasileira de taekwondo foi covardemente agredido por trás ontem (14), em uma estação da CPTM, em São Caetano do Sul (SP). O motivo? Ele é negro e estava abraçado com uma mulher branca.
Detalhes do Incidente
Populares lincharam Matheus Cerqueira Santana, o agressor, após ele proferir ofensas racistas contra Gabriel Campolina Santos. Matheus alegou à polícia que estava “estressado” quando atacou Gabriel. A reportagem tentou contato com representantes da delegacia onde Matheus está detido, mas não obteve resposta.
O incidente ocorreu enquanto Gabriel, faixa preta de taekwondo, estava sentado nas escadas da estação ao lado de sua amiga, Sabrina Soares dos Reis Santos. Gabriel explicou: “Nós estávamos lado a lado quando, de repente, senti uma voadora. Achei que alguém tinha caído em cima de nós. Quando olhei para trás, ele começou a me bater e puxar meu cabelo.”
Reação e Consequências
Gabriel, conhecido pelo apelido Mussun, reagiu com uma joelhada no rosto de Matheus, que ficou atordoado e recuou, deixando para trás um boné e um fone de ouvido. Gabriel recolheu os itens e foi atrás de Matheus, encontrando-o na catraca. “Lá ele virou para mim e disse que eu estava me fazendo de vítima. E completou: ‘Você é preto e estava abraçado com uma pessoa branca’”, relata Gabriel.
Depois de ouvir a ofensa racista, Gabriel revidou com um chute. “Quando dei a joelhada, pensei que eu estava em apuros e que a culpa recairia sobre mim. Quando ele disse que eu não podia estar abraçado com uma pessoa branca, reagi.”
Depoimentos e Ações Legais
Em depoimento à polícia, Sabrina relatou que Matheus lhe perguntou: “Você não tem vergonha de estar com um cara negro?”
Outras testemunhas ouviram as falas racistas de Matheus. Elas começaram a agredi-lo no chão da estação, e guardas municipais que patrulhavam o local intervieram para protegê-lo. Quando um jovem negro se aproximou para filmar a situação, Matheus teria dito: “Olha a palma da sua mão, você sabe o que você é.”
A polícia levou Matheus à delegacia. Ele afirmou que não possui problemas psiquiátricos nem toma remédios, reforçando que agrediu Gabriel por estar “estressado”. As autoridades o prenderam em flagrante por injúria racial e lesão corporal. Até às 13h30 desta quarta-feira (15), Matheus continuava preso.
A reportagem não conseguiu contato com os defensores de Matheus na delegacia e não obteve mais informações sobre o agressor ou sua família. O espaço permanece aberto para ouvir o outro lado.
Conclusão
Este incidente destaca a gravidade do racismo e a necessidade de medidas firmes contra agressões motivadas por preconceito. A comunidade deve permanecer vigilante e apoiar as vítimas de tais atos.