O Itamaraty entregou um pedido formal de desculpas. Os policiais pertencem à Unidade de Polícia Pacificadora do Vidigal.
Abordagem Policial e Investigação
Os dois policiais militares que abordaram filhos de diplomatas em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, estão sendo investigados por injúria racial. O caso ocorreu na noite de quarta-feira (3) e está sob investigação tanto pela Delegacia de Apoio ao Turismo (Deat) quanto pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
Detalhes do Incidente
Um dos jovens, de 14 anos, é filho de uma assistente do embaixador do Canadá no Brasil. Ele estava acompanhado por outros quatro jovens: dois brasileiros brancos e dois filhos dos embaixadores do Gabão e de Burkina Faso, ambos negros. Eles caminhavam pela rua Prudente de Moraes, em Ipanema, quando foram abordados com armas em punho pelos policiais.
O adolescente brasileiro, que é branco, relatou que os amigos negros foram tratados com mais truculência. Segundo ele, um dos jovens se machucou devido à forma agressiva como foi prensado na parede. Ele notou que, por ser branco, não foi tratado com a mesma intensidade.
“Houve muito mais tensão e agressividade para eles, com muito mais força os encostando na parede e levantando o braço, do que comigo”, afirmou o adolescente. Além disso, eles dizem que somente o jovem branco não foi revistado.
Câmeras de Segurança e Testemunhas
Câmeras de segurança registraram o momento da abordagem (veja acima). A viatura da PM atravessou as pistas e dois policiais desembarcaram com as armas em punho.
Os dois policiais envolvidos foram identificados e pertencem à Unidade de Polícia Pacificadora do Vidigal, também localizada na Zona Sul.
A Polícia Civil requisitou as imagens das câmeras corporais para análise. O porteiro, que testemunhou a situação, informou à polícia que não ouviu ofensas racistas, mas descreveu a abordagem como “enérgica” e que “os meninos ficaram nervosos”.
“Eu não estava preparado para lidar com policiais. Estava mais preparado para ser roubado por bandidos, algo assim”, contou o jovem canadense.
Procedimentos e Declarações Oficiais
O comandante da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou que um procedimento apuratório foi aberto para esclarecer o caso e que a PM colaborará com a investigação da Polícia Civil.
Ação do Itamaraty
O caso está sendo acompanhado pelo Itamaraty, que se reuniu com as famílias na manhã desta sexta-feira. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que recebeu os embaixadores do Gabão e de Burkina Faso em Brasília para discutir a abordagem.
“Na reunião, foi entregue em mãos dos embaixadores estrangeiros uma nota verbal com um pedido formal de desculpas por parte do governo brasileiro. O Ministério de Relações Exteriores acionará o Governo do Estado do Rio de Janeiro, solicitando uma rigorosa apuração e a responsabilização adequada dos policiais envolvidos na abordagem”, afirmou um trecho do comunicado do Itamaraty.
Ainda de acordo com a pasta, uma nota semelhante será entregue ao embaixador do Canadá.
Fonte: G1
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