Grande dama da literatura brasileira, Lygia Fagundes Telles era integrante da Academia Brasileira de Letras e recebeu os prêmios Camões e Jabuti, entre outros
Morreu, aos 98 anos, a escritora Lygia Fagundes Telles. A escritora morreu em casa, em São Paulo, na manhã deste domingo, 3. De acordo com familiares, Lygia Fagundes Telles morreu de causas naturais.
Integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 1985, a escritora ocupava a cadeira de número 16 da ABL. A acadêmica é considerada uma das grandes referências no pós-modernismo.
Prêmios
Seu primeiro livro de contos, com o título Porões e sobrados, foi publicado em 1938. Recebeu quatro vezes o Prêmio Jabuti, considerado a mais tradicional premiação literária do Brasil. Na primeira ocasião, em 1966, obteve o feito com a obra O Jardim Selvagem. Voltou a ganhar em 1973, com o romance As Meninas. Em 1996, consagrou-se novamente com A Noite Escura e mais Eu e, em 2001, com a coletânea de contos Invenção e Memória.
No ano de 2005, foi agraciada também com o Prêmio Camões, que enaltece autores de língua portuguesa pelo conjunto da sua obra. Seu nome entrou pra uma lista da qual atualmente fazem parte outros 33, de cinco países diferentes.
O trabalho de Lygia ganhou as telas da televisão. O romance Ciranda de Pedra, publicado em 1954, foi adaptado pela TV Globo duas vezes. A primeira novela, escrita por Antônio Teixeira Filho e dirigida por Wolff Maia, foi ao ar pela TV Globo em 1981. A segunda versão, veiculada em 2008, foi escrita por Alcides Nogueira e dirigida por Denise Saraceni.
Seu nome também aparece na história do cinema brasileiro. No filme Capitu (1968), inspirado no romance Dom Casmurro de Machado de Assis, ela trabalhou em parceria com o crítico de cinema e seu segundo marido Paulo Emílio Sales Gomes, com quem foi casada de 1963 até ficar viúva em 1977. Ambos assinam o roteiro que posteriormente recebeu o Prêmio Candango, concedido pelo Festival de Brasília.
Com formação em Direito, a escritora se mobilizou contra a censura durante a ditadura militar. Junto com os escritores Nélida Piñon e Jefferson Ribeiro de Andrade e o historiador Hélio Silva, ela compôs a comissão responsável pela elaboração do Manifesto dos Intelectuais, um abaixo-assinado que ganhou repercussão em 1977 após conquistar a adesão de mais de mil signatários. Entregue ao Ministério da Justiça, ele foi considerado a maior manifestação de intelectuais contra a censura imposta no período.
Lygia não deixa descendentes. Seu único filho, o cineasta Goffredo da Silva Telles Neto, faleceu em 2006, aos 52 anos. Ele era fruto do relacionamento com o primeiro marido, o jurista Gofredo Teles Júnior, que durou de 1947 até 1960.
Entre seus livros mais importantes estão Antes do Baile Verde (1970), As Meninas (1973), Seminário dos Ratos (1977), Filhos Pródigos (1978), A Disciplina do Amor (1980), As Horas Nuas (1989), A Noite Escura e Mais Eu (1995), e Invenção e Memória (2000). Seu livro Ciranda de Pedra (1954) inspirou a novela homônima, exibida na TV Globo.
O velório deve acontecer na Academia Paulista de Letras, o horário ainda não foi divulgado.