Mãe já havia deixado criança de 7 anos com a tia, em 2016. Conselho Tutelar diz que prioridade é manter irmãos com a família.
A mãe que foi presa preventivamente suspeita de torturar e matar o filho de um ano, em João Pessoa, deve perder a guarda dos irmãos da vítima, dois meninos, um de quatro anos e outro de quatro meses. Segundo informou o conselheiro tutelar Ricardson Dias, nesta sexta-feira (1), a promotoria deve pedir a suspensão temporária do poder familiar da mãe, mas que a prioridade é deixar os irmãos com a família.
O caso foi registrado na manhã da quinta-feira (31). A mãe levou a criança ferida ao hospital alegando que ela tinha sofrido uma queda. Rapidamente, contudo, os médicos que atenderam a vítima desconfiaram da versão, devido às marcas encontradas no corpo, e chamaram a polícia. Pouco depois, a criança morreu. A mulher foi detida em flagrante e teve a prisão temporária convertida em preventiva após audiência de custódia.
Conselho Tutelar
Conforme Ricardson, o Conselho Tutelar ouviu nesta sexta-feira pela manhã duas irmãs da suspeita, que demonstraram interesse em cuidar das duas crianças. À tarde, vai ser ouvida a avó paterna de um dos filhos da mulher.
“A prioridade deste caso é manter as crianças com vínculo familiar. Estamos procedendo com a finalização dos relatórios, anexando documentos sobre as crianças, para então entregar à Promotoria da Infância e Juventude. Eles vão pedir a suspensão temporária do poder familiar dessa mãe e aí encaminhar o processo para a escuta dos familiares e decidir qual o melhor lugar para essas crianças ficarem”, disse o conselheiro.
Após o crime, os dois filhos da suspeita foram retirados da comunidade onde moravam, pelo Conselho Tutelar, e levados para uma instituição da capital, onde estão acolhidos.
“A gente não tem como falar sobre as reações da criança de quatro meses, mas o menino de quatro anos, quando a gente tirou ele de perto da comunidade, foi traumatizante para ele e para a gente. Ele chorou o tempo todo, a gente ficou muito tempo conversando com ele, explicando a situação. Não existiam sinais visíveis de violência nele e, pela conversa, ele estava bem tranquilo. Em relação à violência, eu acredito que foi um fato que só atingiu o bebê que faleceu”, disse.
Mulher tem criança que vive com a tia desde 2016
Conforme o conselheiro tutelar, uma irmã da suspeita foi ouvida nesta sexta-feira. Ela contou que, desde 2016, está cuidando de uma criança de 7 anos, filha da mulher, que teria passado por um procedimento no Conselho Tutelar, por questões de vulnerabilidade social.
“À princípio, a tia falou que o procedimento não era por questão de violência, mas de vulnerabilidade social complicada. Mesmo assim, pedi para que ela nos mandasse toda a documentação do caso para verificarmos o número do procedimento, quem foi que acompanhou o caso. Não sabemos se ela disse isso para proteger a irmã, e por isso precisamos destes documentos”, contou o conselheiro.
De acordo com Ricardson, como o caso aconteceu em 2016, o Conselho Tutelar ainda não tinha o banco de dados eletrônico e, por isso, não foi possível encontrar o caso apenas pelo nome da criança.
O conselheiro disse ainda que apesar da medida protetiva emergencial aplicada pelo Conselho Tutelar, a guarda da criança, de fato, ainda não é da tia. “A gente aplica a medida, faz o termo e entrega para o familiar, explicando que é preciso levar para o juiz, mas muitas vezes as pessoas não procuram a Justiça para regularizar. Vamos aproveitar toda esta situação para entender como se deu esse processo e regularizá-lo”, completou.
Fonte: g1
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