Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu Walter Vieira, sócio do PCS Lab Saleme, em operação que apura fraudes em transplantes.
Na manhã desta segunda-feira (14), a Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou a Operação Verum. Durante a operação, as autoridades prenderam Walter Vieira, sócio do PCS Lab Saleme. A investigação apura a emissão de laudos falsos em transplantes de órgãos infectados com HIV. Vieira, médico ginecologista e responsável técnico pelo laboratório, assinou um dos laudos que apresentou resultado falso negativo para o vírus. Além disso, ele é tio do deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ), ex-secretário de Saúde do estado. Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, filho de Walter e também sócio do laboratório, é primo do deputado.
A Delegacia do Consumidor (Decon) executou 11 mandados de busca e apreensão emitidos pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Investigações e consequências
De acordo com a Polícia Civil, os laudos falsificados por um grupo criminoso induziram as equipes médicas ao erro, resultando na contaminação de pacientes. Um desses pacientes faleceu, e a causa da morte ainda está sob investigação. As autoridades também estão verificando se o laboratório falsificou laudos em outros casos além dos transplantes.
A polícia está conduzindo diligências adicionais para identificar todos os envolvidos no esquema. Eles poderão ser responsabilizados por crimes contra as relações de consumo, falsidade ideológica, falsificação de documentos e infrações sanitárias.
Pacientes infectados e falhas nos testes
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) confirmou que seis pacientes receberam órgãos infectados com HIV. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Anvisa estão investigando o caso. Os exames de sangue dos doadores mostraram resultados falsos negativos para o vírus.
O caso veio à tona em 10 de setembro, quando um paciente transplantado começou a apresentar sintomas neurológicos. Posteriormente, ele testou positivo para o HIV. O paciente não tinha o vírus antes do transplante. Outras análises confirmaram que mais dois pacientes também estavam infectados. Na semana passada, mais um receptor testou positivo.
Os doadores fizeram os exames no laboratório PCS, em Nova Iguaçu (RJ), que, conforme a Anvisa, não tinha os kits necessários para realizar os testes. Há a suspeita de que os testes foram forjados.
Providências das autoridades
O PCS Laboratórios foi contratado pela SES-RJ em dezembro de 2023. Em resposta ao caso, a Secretaria criou uma comissão para apoiar os pacientes afetados e adotou medidas urgentes.
Em nota, o laboratório PCS afirmou que abriu uma sindicância interna para apurar responsabilidades. Além disso, alegou ter utilizado kits de testes recomendados pela Anvisa e se comprometeu a prestar suporte médico e psicológico aos pacientes infectados e seus familiares.
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