O Senado Federal deu um passo significativo na luta contra crimes sexuais, ao aprovar um projeto de lei que cria o Cadastro Nacional de Pedófilos e Estupradores. A proposta, que visa tornar públicos os nomes de acusados de abuso sexual contra crianças e adolescentes, abrange condenados em primeira instância e inclui uma medida de monitoramento eletrônico. Esse cadastro, acessível pela população, poderá ter forte impacto preventivo e de proteção às vítimas.
O projeto, de autoria da senadora Margareth Buzetti (PSD-MT), retira o sigilo dos acusados após trânsito em julgado, ou seja, quando não houver mais possibilidade de recurso. Caberá aos tribunais de Justiça estaduais regulamentar o banco de dados, e os registros devem permanecer disponíveis para consulta pública por até dez anos após o cumprimento da pena.
Para Buzetti, a aprovação unânime nas duas Casas do Congresso e o apoio do governo indicam que a sanção presidencial deve ocorrer rapidamente, sem vetos. “A união entre governo e oposição reforça que a sociedade está pronta para uma legislação mais transparente e rigorosa nesse tema tão delicado,” ressaltou a senadora.
Realidade alarmante
O projeto reflete uma realidade alarmante no país: segundo o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, apenas 10% dos casos de abuso sexual infantil são denunciados. Além disso, cerca de 70% das ocorrências de violência acontecem no ambiente familiar, o que dificulta o combate a esse tipo de crime.
A advogada Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta, que trabalha no enfrentamento ao abuso sexual, expressou uma visão cautelosa sobre a proposta. Ela destaca que já existe um banco de dados utilizado pela polícia para investigar estupradores. Para Temer, a eficácia do cadastro depende de ações estruturais e educativas, que vão além da exposição pública. “Em crimes que ocorrem dentro de casa, será que o cadastro realmente ajudará? É necessário pensar além da exposição dos acusados,” ponderou a advogada.
Impacto e medidas de segurança
Para Vanessa do Mila, fundadora da ONG Movimento Infância Livre de Abusos, o cadastro poderá ter efeitos positivos na segurança de crianças, principalmente em escolas e organizações que trabalham diretamente com o público infantil. “Será uma ferramenta importante para entidades verificarem antecedentes criminais antes de contratar profissionais. É um avanço essencial para assegurar um ambiente seguro,” declarou Vanessa.
No entanto, a aprovação do cadastro ainda abre um debate sobre a privacidade, a eficácia da medida no combate a esse tipo de crime e a importância de políticas de educação e conscientização para a sociedade.
O Cadastro Nacional de Pedófilos e Estupradores tem potencial para ser uma ferramenta relevante no combate à violência sexual infantil, ao mesmo tempo que levanta questões sobre os limites entre exposição pública e efetiva proteção à sociedade. Com a sanção esperada em breve, a sociedade brasileira poderá estar diante de uma nova fase de vigilância e prevenção desse tipo de crime.
Filho de Desembargador Promete Decisão Judicial em Esquema de Corrupção em Mato Grosso do Sul ⚖️💰