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Bolsonaro novamente coloca eleição de 2022 em dúvida
Bolsonaro novamente coloca eleição de 2022 em dúvida

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Bolsonaro novamente coloca eleição de 2022 em dúvida

 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) novamente colocou em dúvida a realização de eleições em 2022 ao se dirigir a apoiadores por meio de videochamadas em diferentes atos a favor do voto impresso, realizados neste domingo (1º) em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e outras cidades.

“Vocês estão aí, além de clamar pela garantia da nossa liberdade, buscando uma maneira que tenhamos uma eleições limpas e democráticas no ano que vem. Sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição”, disse Bolsonaro pela manhã aos manifestantes concentrados em frente ao prédio do Congresso, em Brasília.

“Nós mais que exigimos, podem ter certeza, juntos porque vocês são de fato meu Exército -o nosso Exército- que a vontade popular seja expressada na contagem pública dos votos”, afirmou na mesma videochamada.

Em outro trecho, o presidente declarou que ele e seus seguidores não vão “esperar acontecer para tomar providências”. “Juntos nós faremos o que tiver que ser necessário para que, repito, haja contagem pública dos votos e tenhamos eleições democráticas no ano que vem.”

Bolsonaro ignorou apelos de líderes e dirigentes de partidos do centrão, que pediram moderação após a live da última quinta-feira (29) na qual o presidente fez o maior ataque até então ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas.

Neste sábado (31), o chefe do Executivo participou de motociata em Presidente Prudente (SP) e afirmou em palanque que não aceitará uma “farsa”.

“Queremos eleições, votar, mas não aceitaremos uma farsa como querem nos impor. O soldado que vai à guerra e tem medo de morrer é um covarde. Jamais temerei alguns homens aqui no Brasil que querem impor sua vontade.”

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Aliados de Bolsonaro avaliam a renovação do discurso golpista como uma tentativa de manter sua base radical mobilizada diante de uma série de desgastes do governo e da aliança com o centrão, consolidada com a indicação de Ciro Nogueira para chefiar a Casa Civil na semana passada.

As frequentes declarações golpistas do mandatário também tém elevado a crise entre o Palácio do Planalto e os demais Poderes, principalmente o Judiciário.

Bolsonaro tem como um de seus alvos preferenciais o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, que defende a confiabilidade das urnas eletrônicas e rechaça as acusações de que houve fraude em pleitos passados.

Bolsonaro disse neste domingo que quem afirma que o sistema eleitoral brasileiro é auditável e seguro é “mentiroso”.

“O poder é que está em jogo. Não estou aqui em hipótese alguma querendo impor a minha vontade, é a vontade de vocês. Se preciso for dar um último alerta àquele que não tem respeito para conosco eu convidarei o povo de São Paulo, a maior capital do Brasil, para ir à [avenida] Paulista para que o som deles, a voz do povo, seja ouvido por aqueles que teimam em golpear a nossa democracia. Se o povo lá disser que voto tem que ser auditável e que a contagem tem que ser pública e que o voto tem que ser impresso”, afirmou Bolsonaro no vídeo aos manifestantes em Brasília.

O presidente ainda renovou a retórica anticomunista que caracterizou sua campanha de 2018. “Nossa união nos libertará da sombra do comunismo e do socialismo.”

Em São Paulo, centenas de apoiadores do presidente se reuniram no quarteirão em frente ao prédio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na avenida Paulista.

O ato na capital paulista teve início por volta das 14h ao som do hino nacional e na sequência discursou a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que vem convocando aliados para o ato há pelo menos duas semanas. Ao longo da fala da deputada, os presentes entoaram gritos de “mito”, “Lula ladrão” e “fora, Doria”.

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Também esteve presente o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.

Entre os apoiadores, muitos, sem máscara, traziam cartazes ecoando o discurso do presidente e pedindo por voto auditável, contagem pública dos votos e auditoria do povo. A maioria usava camisas da seleção brasileira com bandeiras de apoio a Bolsonaro como “meu partido é o Brasil”.

Zambelli apontou o voto impresso como o primeiro passo para evitar a implantação do comunismo.

Sem máscara, também discursou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que chamou os atos de democráticos e citou a Constituição ao afirmar que o poder emana do povo. O filho do presidente disse que o povo não deve confiar no TSE e que o direito à contagem pública dos votos foi retirado do povo em 1996, ano da implementação das urnas eletrônicas.

Na transmissão da última quinta-feira, Bolsonaro não apresentou as provas de supostas fraudes eleitorais que vinha prometendo há anos, apresentando apenas teorias sobre a vulnerabilidade das urnas eletrônicas que circulam há anos na internet e já desmentidas anteriormente. Ele reconheceu não ter provas de irregularidades nas eleições, mas disse ter “indícios fortíssimos”.

Não é a primeira vez que o mandatário ameaça as eleições de 2022. “Eleições no ano que vem serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, afirmou Bolsonaro, em 8 de julho.

Em Brasília, o ato começou às 9h e terminou por volta de 12h. Os apoiadores do presidente se concentraram em frente ao Congresso Nacional com faixas que pediam o “voto impresso auditável” e criticavam o STF e TSE.

O ex-chanceler Ernesto Araújo também subiu ao palco em Brasília e se manifestou a favor do voto impresso.

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Além de defenderem a PEC do voto impresso em discussão na Câmara, os manifestantes pediram liberdade ao deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), preso novamente em junho por desrespeitar o uso de tornozeleira eletrônica. Ele inicialmente foi detido após atacar ministros do STF em um vídeo.

No Rio de Janeiro, manifestantes se reuniram pela manhã na praia de Copacabana, na zona sul, e também em Niterói, na região metropolitana.

Em Copacabana, apoiadores do presidente atacaram o sistema eleitoral e o STF. Manifestantes inflaram um “pixuleco” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vestido de presidiário e colaram nele uma imagem de Barroso, com os dizeres: “Eu roubo a grana, meu moleque [Barroso] os votos”.

Um senhor que caminhava pelo ato levantava dois cartazes, afirmando que não acreditava que Fernando Haddad havia somado 42 milhões de votos nas eleições de 2018. “Não confio no TSE/STF, simples assim”, dizia uma das placas. Outra mulher defensora da “contagem pública” dos votos carregava uma folha com o recado: “Estranho não querer transparência!”.

Com bandeiras do Brasil e algumas de Israel, a manifestação esteve mais cheia do que as últimas realizadas por movimentos conservadores na cidade. Para além do voto impresso, apoiadores de Bolsonaro também defenderam intervenção militar, liberdade para o deputado federal Daniel Silveira (preso por ataques ao Supremo) e até mesmo a monarquia.

No Rio, Bolsonaro também falou por videochamada com os manifestantes, por meio do celular do deputado federal Helio Lopes (PSL-RJ), e voltou a citar Barroso. “Não podemos admitir uma pessoa apenas, no caso o ministro Luís Barroso, [que] seja válida apenas a vontade dele. […] Tem que estar subordinado à vontade popular.”

O presidente conversou, ainda, com apoiadores que reuniram-se na praça da Liberdade, em Belo Horizonte, na manhã deste domingo. A videochamada ocorreu por meio do celular do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), ex-ministro do Turismo. Ele foi denunciado pelo Ministério Público sob acusação de envolvimento em um esquema de candidaturas laranjas do PSL, caso revelado pelo jornal Folha de S.Paulo em 2019.

O advogado Rodrigo Mondego, da comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, afirmou nas redes sociais que um homem foi agredido por bolsonaristas e atropelado​ em Ipanema, na zona sul do Rio, neste domingo.

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Mondego disse à reportagem que um amigo ligou para ele buscando um advogado criminalista para assessorar um colega, um economista de 49 anos, que havia sido atacado.

“Ele mora em Ipanema e foi correr na praia. Quando passou na frente de um grupo de pessoas, todas sem máscara e camisa da CBF, comentou que bolsonarista não usa máscara. Um cara ouviu e foi pra cima dele, dando socos, golpes. Ele desequilibrou e, quando estava levantando, o cara o empurrou em direção à rua e um carro passou por cima da perna dele. Quebrou em quatro partes”, afirmou.

Segundo Mondego, o economista teve uma fratura exposta, está internado e pode ter que passar por cirurgia. O advogado diz que irá esperar a Polícia Civil abrir de ofício uma investigação e que, se isso não ocorrer, o registro da ocorrência será feito após seu cliente ter alta.​

Fonte: Bnews

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