A liberdade de imprensa é fundamental para promover mudanças políticas e sociais.
O trabalho da imprensa consiste em produzir informações de interesse para toda a sociedade, como denúncias em casos de corrupção, os sucessos e falhas das políticas públicas e monitorar o trabalho dos grupos políticos que estão no poder.
Além disso, o jornalismo também atua de maneira local, ou seja, ele atualiza os cidadãos sobre os acontecimentos da sua região para que a população se mantenha bem informada e se organize em prol de mudanças para uma melhor qualidade de vida, quando necessário.
Apesar do seu importante papel para a sociedade e para a manutenção da democracia, a imprensa brasileira vem sendo vítima de diversos ataques nos últimos anos. Vamos entender mais sobre isso?
Brasil se torna país perigoso no ranking de liberdade de imprensa
De acordo com o relatório produzido pela ONG Repórteres Sem Fronteiras, em 2022, o país está na 110ª posição no ranking de liberdade de imprensa. O dado aponta que o país segue sendo um local onde o exercício sofre sérias restrições.
Realizado desde 2002, o estudo mostra que, à medida em que os discursos autoritários crescem, o número de países considerados seguros para os repórteres diminui.
A pesquisa é feita por meio de um questionário sobre as violações à liberdade de imprensa em 180 nações. Quanto maior a pontuação, menor a segurança para os jornalistas.
Em 2021, quando o Brasil alcançou a posição 111ª (sua pior colocação até então), o país foi considerado um lugar onde “a situação da imprensa é considerada difícil” e o trabalho jornalístico é desenvolvido em “ambiente tóxico”.
Como autoridades potencializam ataques contra jornalistas
A Repórteres Sem Fronteiras (RSF), organização não governamental internacional que defende a liberdade de imprensa no mundo, destacou que um dos motivos para o crescimento dos ataques contra os profissionais da imprensa teria sido a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), pois, segundo a organização, desde a sua chegada ao poder, ele ataca regularmente jornalistas e a mídia em seus discursos.
Ainda de acordo com a ONG, “insultos, estigmatização e orquestração de humilhações públicas de jornalistas se tornaram a marca registrada do presidente [Bolsonaro], de sua família e sua entourage [seu entorno]”.
Por outro lado, Jair Bolsonaro nega que tenha ofendido a jornalistas ou atacado constantemente a imprensa.
Fui presidente alega que sofre com o que ele chama de “perseguição da imprensa”, o que, segundo ele, “tudo o que ele diz é visto como ataque”. Foi Bolsonaro também que, muitas vezes, tem recebido perguntas “idiotas” ou “afirmações inverídicas contra ele” e que, então, ele acaba contrapondo, mas, segundo ele, isso não deve ser considerado como ataque.
De acordo com a RSF, esses ataques feitos pelo presidente aumentaram a desconfiança em relação à imprensa e alimentou a retórica antimídia. O fenômeno também ocorre em outros países da América Latina, como Cuba (173º), na Venezuela (159º), na Nicarágua (160º) e em El Salvador (112º).
“Depois que assumiu o poder, ele passou a atacar de forma sistemática os veículos de comunicação que de alguma forma se opõem ou criticam a gestão. Isso por si só já é uma grande dificuldade que esse governo impõe ao trabalho da imprensa. Mais do que isso, essa postura legítima atitude semelhante por parte dos ministros e dos procuradores”, diz Giuliano Galli, coordenador de Jornalismo e Liberdade de Expressão do Instituto Vladimir Herzog.