Cerimônia religiosa do Babalorixá regida ao som de atabaques acontecia na hora do ocorrido.
O babalorixá do terreiro lé Alaketú Asé Omi T’Ògun, em Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia, denunciou por racismo religioso um homem evangélico que agrediu verbalmente membros da casa de candomblé. O caso aconteceu na noite de segunda-feira (24) e a ocorrência foi registrada na quinta (27).
A suspeita é de que o homem seja um pastor, informação ainda não foi confirmada pela delegacia da cidade. O crime aconteceu por volta das 20 horas e gerou tumulto no local.
Uma cerimônia religiosa regida ao som de atabaques acontecia no terreiro na hora do ocorrido. Quando os intrumentos cessaram, o babalorixá, conhecido com Pai Lôro, ouviu o barulho alto de um som de carro com músicas evangélicas.
insultos racistas
Os membros do terreiro dizem que, ao chegarem na porta, foram surpreendidos com o acusado que gritava ofensas e insultos racistas aos religiosos.
“Tentei conversar, mas ele não queria ouvir, só queria ofender a gente. Foi um tumulto muito grande, porque as pessoas ficaram desesperadas e muitas senhoras passaram mal. Nossos vizinhos saíram para ajudar e tivemos o apoio da comunidade”, contou o babalorixá.
“Fiquei assustado, precisei manter a calma e acalmar as pessoas. Esse não é comportamento de uma pessoa que vive uma doutrina religiosa. Todas as pessoas na região nos conhecem, inclusive, um pastor que é nosso vizinho nos ajudou”.
Com as filmagens feitas pela comunidade, Pai Lôro conseguiu identificar o suspeito por meio da placa do carro. Por causa das obrigações religiosas, o caso só foi registrado na quinta. Agora, a delegacia de Vitória da Conquista apura a situação.
“Nós conseguimos o nome dele, o endereço e levamos na delegacia. Agora os ânimos estão mais tranquilos, com o passar de toda essa situação. É a primeira vez que isso acontece e a gente espera que não volte a acontecer”.
O NoticiaTem tem tentado entrar em contato com o acusado, mas até o momento não obteve êxito.
Leis da intolerância religiosa
Com o crescimento da diversidade religiosa no Brasil é verificado um crescimento da discriminação religiosa, tendo sido criado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa (21 de janeiro) por meio da Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como um reconhecimento do próprio Estado da existência do problema.
A Constituição prevê a liberdade de religião e a Igreja e o Estado estão oficialmente separados, sendo o Brasil um Estado laico. A legislação brasileira proíbe qualquer tipo de intolerância religiosa, sendo a prática religiosa geralmente livre no país. Segundo o “Relatório Internacional de Liberdade Religiosa de 2005”, elaborado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, a “relação geralmente amigável entre religiões contribui para a liberdade religiosa” no Brasil.
No Brasil, a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei nº 9.459, de 15 de maio de 1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões.
Fonte: g1
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