Apesar de debates intensificados entre aliados de Putin, o Kremlin evita discussões sobre o fim da moratória da pena de morte na Rússia.
Após o ataque chocante ao Crocus City Hall, perto de Moscou, que resultou na morte de pelo menos 137 pessoas e deixou 182 feridos, a pior tragédia civil na Rússia desde o cerco de Beslan em 2004, o tema da pena de morte ressurge em debates nacionais. Aliados próximos do presidente Vladimir Putin, incluindo figuras políticas de destaque, levantaram a questão da pena capital em resposta ao atentado, considerado o mais mortífero em duas décadas no país.
Vladimir Vasiliev, líder parlamentar do partido governista Rússia Unida, sinalizou uma análise cuidadosa sobre a possibilidade de revogação da moratória sobre a pena de morte, ressaltando que o tema demanda uma abordagem “profunda, profissional e significativa”. Em contraste, Dmitry Medvedev, ex-presidente russo e aliado de Putin, adotou um tom mais direto em seu canal no Telegram, questionando se os suspeitos detidos pelo ataque deveriam ser executados.
Apesar dessa retórica, o Kremlin adotou uma postura de cautela, evitando participar das discussões sobre a reintrodução da pena de morte. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, destacou em um briefing que o governo russo não se envolveria no debate atualmente. Esta abordagem reflete a complexidade do tema na Rússia, onde a pena de morte é legal, mas está sob moratória desde 1996, uma decisão confirmada pelo Tribunal Constitucional em 1999.
O ataque ao Crocus City Hall foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico, com quatro homens detidos sob a acusação de executarem diretamente o atentado, incluindo pelo menos um de nacionalidade tadjique. Essa tragédia reacendeu discussões sobre medidas de segurança e justiça, com a pena de morte no centro do debate.
Enquanto o país lida com o luto e a busca por justiça, a comunidade internacional observa atentamente a evolução do debate sobre a pena de morte na Rússia. A decisão de manter ou não a moratória reflete não apenas uma questão jurídica, mas também moral e política, influenciando a percepção global dos direitos humanos e da governança no país.