Entenda como a legislação brasileira e o valor estimado da Globo moldam a viabilidade de uma possível aquisição pelo bilionário.
A recente interação de Elon Musk no Twitter, onde o bilionário questionou sobre o custo para adquirir a Globo, gerou uma ampla discussão nas redes sociais e no mercado financeiro. A Globo, reconhecida como uma das maiores empresas de mídia do mundo, possui um patrimônio líquido avaliado em R$ 15,846 bilhões e ativos na casa dos R$ 30 bilhões, conforme os resultados financeiros de 2021.
Para Musk, cuja fortuna é estimada em quase US$ 180 bilhões, a cifra parece acessível. Ele já investiu US$ 44 bilhões na aquisição do Twitter, então, a ideia de desembolsar cerca de US$ 3 bilhões pela Globo não é descabida em termos financeiros.
Entretanto, o dinheiro não é o único obstáculo. Segundo a legislação brasileira, as empresas de radiodifusão e jornalísticas devem ser majoritariamente de propriedade de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, conforme estipula a Constituição. Além disso, qualquer empresa que deseje operar um canal aberto no Brasil precisa garantir que pelo menos 70% do capital esteja nas mãos de brasileiros, com um limite de controle de até dez estações por empresa em todo o país, sendo no máximo duas por estado.
Esta restrição visa proteger a soberania nacional sobre as comunicações e a distribuição de informações, garantindo que interesses locais prevaleçam sobre os de entidades estrangeiras. Mesmo se Musk decidisse naturalizar-se brasileiro ou estabelecer uma empresa nacional, ainda enfrentaria significativos desafios regulatórios para uma possível aquisição.
Paralelos Culturais: A Ficção e a Realidade A situação remete à trama da terceira temporada de “The Morning Show”, série da Apple TV+, onde Jon Hamm interpreta Paul Marks, um bilionário que tenta comprar uma importante rede de televisão. A ficção ilustra desafios que refletem realidades complexas do controle de mídia, sugerindo que mesmo grandes fortunas enfrentam limites quando se trata de influenciar a mídia em países com rígidas regras de propriedade.
A curiosidade de Musk sobre adquirir a Globo pode ser mais um de seus conhecidos impulsos expressos via redes sociais. Contudo, essa possibilidade esbarra em robustas barreiras legais que protegem a integridade e a soberania da mídia brasileira. Assim, embora financeiramente possível, a compra da Globo por um estrangeiro como Musk permanece, por ora, um cenário improvável.