Pelo menos quatro notas técnicas do Ministério da Saúde foram ignoradas pelo presidente da República Jair Bolsonaro quando defendia que vitamina D seria uma espécie de tratamento para pacientes com diagnóstico confirmado e também para prevenir a Covid-19. O medicamento é mais um não tem eficácia comprovada contra a doença, ao lado da cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina, também defendidos pelo presidente.
Um documento elaborado pelo Ministério da Saúde, após revisão de estudos e diretrizes com especialistas, não recomenda o uso desses medicamentos para tratamento de pacientes hospitalizados com Covid-19 .
De acordo com a Folha de S. Paulo, em 8 de abril do ano passado, uma medida foi publicada pelo Ministério da Economia zerando impostos para o medicamento “tendo por objetivo facilitar o combate à pandemia do coronavírus”.
A Saúde, por sua vez, publicou no mesmo dia uma nota técnica dizendo o oposto. Destacou que não haveria eficácia comprovada do suplemento no tratamento da doença, com base na análise de estudos científicos. “Não há evidência científica sobre a eficácia da suplementação de vitamina D na prevenção de infecções por Sars-CoV-2 (vírus da Covid) e a associação entre deficiência de vitamina D e o risco de agravamento de infecções por Sars-CoV. Nenhum estudo clínico randomizado ou observacional foi identificado para responder às duas questões”, concluíram os técnicos da Saúde.
O MS ainda disse que ainda era necessária a condução de ensaios clínicos para avaliar a eficácia da suplementação de vitamina D na prevenção de infecções respiratórias pela Covid e o risco de agravamento da infecção por falta dela.
Segundo a Folha, quatro dias antes da publicação do estudo, Bolsonaro havia anunciado que zeraria impostos pelo governo federal da vitamina D, hidroxicloroquina e azitromicina, que também não têm efeito contra a Covid.
A Saúde publicou mais duas notas sobre o tema, em maio e em setembro do ano passado, reforçando a sua oposição. A pasta afirmou que não foram identificadas nos estudos evidências robustas e conclusivas quanto à eficácia do uso da vitamina D na prevenção da infecção, tratamento, redução de hospitalização ou redução da mortalidade por Covid, destaca a matéria.