A morte do cacique Merong Kamakã Mongoió, uma importante liderança indígena do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, está sob investigação em Brumadinho, Minas Gerais. A polícia apura as circunstâncias de sua morte, inicialmente reportada como suicídio.
Na manhã de segunda-feira (4), a comunidade indígena de Brumadinho, Minas Gerais, foi abalada pela notícia da morte de uma de suas mais proeminentes lideranças, o cacique Merong Kamakã Mongoió, aos 36 anos. O líder Pataxó Hã-Hã-Hãe foi encontrado morto na aldeia em que residia, situada no distrito de Casa Branca, na região metropolitana de Belo Horizonte. A Polícia Militar inicialmente tratou o caso como suicídio, enquanto a Polícia Civil de Minas Gerais e a Polícia Federal prosseguem com as investigações para elucidar as causas do ocorrido.
Cacique Merong era descendente da sexta geração da família Kamakã Mongoió, uma linhagem com profundo enraizamento e história junto ao povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, originário do sul da Bahia. Seu engajamento com as causas indígenas transpassava as fronteiras de sua comunidade, estendendo-se à defesa dos territórios de outros povos, como os Kaingáng, Xokleng e Guarani, conforme destacado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
A liderança de Merong não se limitava à retomada Kamakã Mongoió, em Brumadinho, um território disputado em meio à expansão mineradora. Ele também teve participação ativa em outras ocupações e retomadas pelo Brasil, como a Ocupação Lanceiros Negros e as retomadas Xokleng Konglui e Guarani Mbya, demonstrando seu comprometimento com a causa indígena em âmbito nacional.
Nascido em Contagem, também na região metropolitana de Belo Horizonte, Merong passou parte de sua infância na Bahia, voltando mais tarde a Minas Gerais onde se tornaria uma figura emblemática na luta pelos direitos indígenas. Seu trabalho e legado são lembrados por instituições como o Museu Nacional dos Povos Indígenas, que emitiu nota de pesar, ressaltando a importância das “Lutas de Retomadas de Territórios” como atos sagrados na recuperação das terras ancestrais.
Este trágico evento reacende debates sobre a saúde mental e o bem-estar nas comunidades indígenas, frequentemente impactadas por conflitos territoriais e ambientais. A importância de recursos e suporte psicológico acessível é crucial, como evidenciado pela inclusão de informações sobre onde buscar ajuda para prevenção ao suicídio.
A comunidade, juntamente com organizações de defesa dos direitos indígenas, aguarda as conclusões das investigações, esperando que a verdade sobre a morte de Merong Kamakã Mongoió venha à tona, reforçando a necessidade de proteção e justiça para os povos indígenas no Brasil.