Câmbio ronda R$ 4,80 após Pequim anunciar medidas de restrição em Xangai, a maior cidade do país e um dos principais centros financeiros da Ásia, por novos surtos de Covid-19
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operam no campo negativo nesta segunda-feira, 28, e interrompem a sequência de oito dias de ganhos. Os investidores reagem à expectativa de aumento dos juros nos Estados Unidos, o que estimula a saída de dólares de outros mercados, enquanto acompanham a queda das commodities em meio ao anúncio de novos lockdowns na China para conter surtos de Covid-19. Por volta das 12h30, o dólar operava com queda de 1%, a R$ 4,793. O câmbio chegou a mínima de R$ 4,736, enquanto a máxima não passou de R$ 4,819. A divisa norte-americana encerrou a semana passada com queda de 1,75%, a R$ 4,747. O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, operava com queda de 0,56%, aos 118.411 pontos. O pregão de sexta-feira, 25, encerrou com leve alta de0,2%, aos 119.081 pontos.
Mercados ao redor do mundo analisam as sinalizações de avanço dos juros pelo Federal Reserve (Fed) diante do avanço da inflação aos consumidores ao maior patamar em quatro décadas. A autoridade elevou os juros de uma média de 0% e 0,25% para algo entre 0,25% e 0,5% há duas semanas, e recentes falas de membros do colegiado indicaram maior aporte nos próximos encontros. A alta dos juros nos EUA atrai os investidores para o Tesouro norte-americana, um dos ativos mais seguros do mundo. Ainda no cenário internacional, o governo de Pequim anunciou novas medidas de restrição em Xangai, a maior cidade do país e um dos principais centros financeiros da Ásia, em meio a novos surtos do novo coronavírus. Os lockdowns serão divididos em duas fases, cada uma interferindo na vida da metade dos 26 milhões de habitantes. O temor de desaceleração na China levou ao termo de menor demanda por petróleo ao redor do mundo. O movimento faz o preço do barril do tipo Brent, referência na maior parte do mundo, recuar 7%, a US$ 111.
No Brasil, o mercado revisou para cima a expectativa para a inflação até 2024 em meio ao aumento das pressões geradas pela guerra no Leste Europeu e a percepção de analistas de que os efeitos do conflito irão se prolongar por anos na economia global. As informações foram publicadas nesta segunda-feira no Boletim Focus, a pesquisa semanal do Banco Central (BC) com mais de uma centena de instituições. A previsão para a variação de preços medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano passou de 6,59% para 6,86%. A nova estimativa — a 11ª elevação —, afasta ainda mais a percepção de a autoridade monetária cumprir a meta da inflação em 2022, de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual, ou seja, entre 2% e 5%. Para o ano que vem, a previsão passou de 3,75% para 3,8%. Já em 2024, o mercado elevou a estimativa do IPCA de 3,15% para 3,2%. O BC já indicou que não deve manter a inflação abaixo do teto da meta neste ano e que vai focar em trazer o índice para o limite em 2023, quando persegue o centro de 3,25%, com limites de 1,75% e 4,75%.
Apesar do aumento generalizado para a variação de preços, a opinião do mercado manteve a previsão dos juros a 13% ao ano no fim de 2022, e de 9% em 2023. Para 2024, os analistas enxergam a taxa em 7,5% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic de 10,75% para 11,75% há duas semanas e deixou contratada nova alta de 1 ponto percentual no encontro agendado para maio. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, já indicou que enxerga o fim do ciclo de alta de juros no próximo encontro do colegiado, porém, o cenário incerto em meio ao conflito na Ucrânia pode mudar os planos e fazer com que a alta dos juros se estenda até o encontro agendado para junho.
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FONTE: JP