O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, estarão na Turquia, neste domingo (14), para discussões sobre a situação na Líbia.
Ankara apoia o Governo do Acordo Nacional (GAN ou ‘GNA’ em Inglês), de Fayez al Serraj, que é reconhecido internacionalmente. Moscou, por outro lado, apoia o Exército Nacional Líbio (ENL, ou LNA em Inglês), de Khalifa Haftar. Os dois lados estão em guerra civil, se engajando em uma nova rodada de negociações de cessar-fogo.
O Ministério das Relações Exteriores da Turquia confirmou que “durante a visita, as delegações devem ter consultas e discutir a coordenação sobre questões regionais”. Espera-se que oficiais militares e de segurança se juntem à delegação russa.
A TRT Haber, emissora estatal turca, sugeriu que a Síria também estará na agenda.
As duas nações apoiam lados diferentes na guerra civil síria. A Rússia apoia o governo de Bashar al-Assad e a Turquia apoia as forças da oposição.
Guerra Civil da Líbia
Oito anos após a intervenção, liderada pela Otan, que resultou na morte do ditador Muammar Kadafi, a Líbia mergulhou numa guerra civil, envolvendo grupos armados, governos rivais e disputas por poder e petróleo.
Em 2014, eleições parlamentares contestadas levaram à formação de dois governos rivais: um na capital ocidental, Trípoli, e outro no leste do país. E em maio do mesmo ano, a Guerra Civil da Líbia estourou.
Confrontos em Trípoli entre facções islamistas e forças leais ao comandante militar Khalifa Haftar levaram a recém-eleita Câmara dos Representantes a se mudar para a cidade de Tobruk, na costa do Mediterrâneo e perto da fronteira egípcia, no leste do país. O governo oriental foi apoiado pelo autointitulado Exército Nacional Líbio, de Haftar, que liderou a luta contra milícias islamistas.
No início de 2016, o Governo do Acordo Nacional, um governo reconhecido internacionalmente, foi instalado em Trípoli. Mas desde então vem enfrentando dificuldades para controlar o país e uma série de milícias ao redor de Trípoli.
O resultado foi a formação de estruturas de segurança concorrentes nos governos no leste e no oeste. Os dois governos rivais também estabeleceram bancos centrais paralelos e corporações petrolíferas nacionais concorrentes. Partes da região sudoeste de Fezzan são mantidas por ambas as forças.
Preocupados com o papel da organização islâmica radical Irmandade Muçulmana em Trípoli, o Egito e os Emirados Árabes Unidos apoiaram o governo no leste e deram apoio militar ao Exército Nacional Líbio. A Rússia, como já mencionado, também apoia Haftar.
A União Europeia, os Estados Unidos e a Turquia declararam apoio ao governo baseado em Trípoli, no oeste. No entanto, rivalidades entre a França e o antigo colonizador da Líbia, a Itália, minaram uma posição europeia comum.
Embora Itália e França tenham apoiado o Governo do Acordo Nacional, ambos os países cortejaram Haftar, devido ao seu papel de liderança na luta contra militantes islamistas. A França forneceu a Haftar apoio militar e de inteligência.
A Itália preocupa-se com a desordem que transformou a Líbia num trampolim para migrantes que chegam à Europa. A Itália apoiou o Governo do Acordo Nacional e trabalhou junto a milícias para conter fluxos migratórios da Líbia para o continente europeu.
Cessar-fogo e recomeço de combates
Há três meses, um cessar-fogo intermediado pelas duas partes interrompeu os combates em Idlib, mas, nesta semana, os combates recomeçaram.
As autoridades egípcias expressaram preocupação com o conflito que atravessa sua fronteira. E a Tunísia já enviou soldados para proteger sua fronteira com a Líbia.
O presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, disse a repórteres nesta semana: “A solução na Líbia é vista em nossa contribuição com o Egito e a Tunísia para chegar a um acordo sobre a crise”.
O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu recentemente que o líder russo, Vladimir Putin, seja convidado a participar da próxima cúpula do G7. A Rússia havia sido suspensa do G8 na Ucrânia, devido à invasão e anexação da Crimeia.
Acredita-se que o convite de Trump colabore para as discussões sobre o Irã, Síria e Coreia do Norte.
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, também teria sido a favor da mudança. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe se manteve neutro; no entanto outros líderes do grupo se opuseram.
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