A crise de violência no Chile tem se intensificado, e a população local tem apontado os migrantes venezuelanos como os principais responsáveis pelo aumento da insegurança, especialmente devido à atuação da gangue venezuelana Tren de Aragua. Essa situação não só elevou a sensação de insegurança, mas também impulsionou o crescimento da xenofobia contra os que fogem do regime de Nicolás Maduro.
Recentemente, a Pesquisa Nacional Urbana de Segurança e Cidadania revelou que 87,6% dos chilenos acreditam que a criminalidade aumentou em 2023, com 21,7% dos entrevistados relatando que eles ou algum familiar foram vítimas de crimes no último ano. Esse aumento na percepção de insegurança reflete-se também no índice de temor, que atingiu 30,5% em 2022, o maior desde o início da série histórica no ano 2000.
Embora delitos sem violência, como furtos, não tenham aumentado, há um crescimento preocupante nos casos de crimes violentos, como assassinatos por encomenda e tráfico de migrantes, que não eram comuns no passado. A Tren de Aragua, facção criminosa formada em uma prisão venezuelana em 2014, tem sido apontada como um dos principais grupos responsáveis por esses crimes no Chile.
A situação é exacerbada pela percepção de que a entrada irregular de migrantes durante a pandemia contribuiu para o aumento do crime organizado. Especialistas, como Simón Escoffier, professor da Pontifícia Universidade Católica do Chile, sugerem que migrantes em condições precárias podem ter sido forçados a participar de atividades criminosas para sobreviver, o que fortaleceu o avanço de facções como a Tren de Aragua no país.
“Eu sou nascido, criado e mal-criado em Iquique. Sempre vivi nesta região do norte e isto que estamos vivendo é terrível porque o problema é que na Venezuela abriram as prisões e parte dessa gente chegou ao Chile”, disse à AFP Veliz Rifo, um agricultor de 48 anos de La Tirana, povoado em uma espécie de oásis no deserto 72 km a leste de Iquique, fazendo menção a uma informação falsa.